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Água salgada | Novas mobilizações no Uruguai devido à crise da água

Milhares de pessoas se manifestaram na noite de quarta-feira pela crise da água no Uruguai. A seca e a falta de infraestrutura e investimento levaram a uma crise hídrica que faz com que saia das torneiras água salgada e imprópria para o consumo. Confira as imagens do La Izquierda Diario Uruguai, presente no bloco anticapitalista em Montevidéu.

quinta-feira 1º de junho de 2023 | Edição do dia

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Passam-se semanas e a água das torneiras uruguaias continua com um gosto ruim ou salgado, imprópria para o consumo. Em algumas cidades os alarmes dispararam porque a estiagem estaria prestes a deixá-las diretamente sem abastecimento.

Nesse marco, o Uruguai voltou a viver nesta quarta-feira uma nova marcha massiva diante da crise hídrica sofrida por pelo menos metade da população do país que vive na zona metropolitana de Montevidéu, por meio do sistema de distribuição de Obras Sanitárias Estaduais (OSE).

Tanto o bloco oficial convocado pela direção do principal sindicato, o Pit-Cnt, quanto a coluna autoconvocada tiveram milhares de participantes. A primeira concentrou-se na 18 de Julio com Ejido, e a outra na 18 e Constituyente ao pé do monumento ao Gaucho. A mobilização seguiu no final da tarde pela 18 de julho em direção à Plaza Independencia.

A atual crise hídrica que atinge a região metropolitana de Montevidéu e regiões do interior do país não é uma fatalidade da natureza, é um crime social. Produto por um lado, de décadas de exploração selvagem da natureza, com a agricultura intensiva e a atividade de grandes empresas industriais como a madeireira UPM. E por outro também, o abandono por parte do regime político dos investimentos em infraestrutura necessários para garantir o abastecimento de água potável à grande maioria da população.

Isso não é produto do azar em questões climáticas, é consequência de uma política que busca garantir o lucro dos grandes empresários. Por isso, desde o La Izquierda Diario Uruguai, levantamos: não é seca, é saque!

A situação atual é de emergência, afeta principalmente a população trabalhadora, à qual o governo de Lacalle Pou pretende descarregar o custo da crise. As consequências para a saúde de milhões de pessoas afetadas podem ter repercussões na saúde geral da população a longo prazo.

O próprio ministro do Meio Ambiente, Robert Bouvier, reconheceu que a água da OSE “se formos a pontos técnicos não é potável”, o Ministério da Saúde Pública alertou sobre o consumo: “evitar o consumo de água da OSE o máximo possível”, e principalmente para: “pessoas com insuficiência renal crônica, doenças, insuficiência cardíaca, cirrose e gestantes", e acrescentando que: “Se tiver de tomar, recomenda-se não exceder um litro de água por dia e aumentar a frequência das verificações da tensão arterial”.

O bloco autoconvocado expressou com faixas e canções, não só a denúncia contra o governo responsável pela crise, mas também o sistema social que representa. Assim, por exemplo, palavras-de-ordem como: “Falta água, porque sobra capitalismo" ou “ Não é seca, é saque”, marcavam a posição anticapitalista do bloco.

Apesar da burocracia, que quis moderar a situação conduzindo o bloco, já no final da marcha, para bem longe da Torre Executiva, o bloco anticapitalista autoconvocado abriu caminho e fez seu protesto ser sentido às portas da sede do Poder Executivo.

O governo de Lacalle Pou aprofundou uma política de décadas, inclusive dos governos da Frente Ampla, que é transformar a água em mercadoria. Na gestão anterior com a Lei de Irrigação, e agora com o Projeto Netuno, governos de diferentes cores entregaram água a grandes empresas e multinacionais como UPM ou Montes del Plata e Google, em detrimento da qualidade da água para a população trabalhadora.

Todo o modelo extrativista e mercantilizador dos recursos naturais é o que está em questão, e é o que tem causado as mudanças climáticas globais e os desastres naturais sofridos mundialmente, como a atual seca no Uruguai, entre outros.

Durante sua gestão, Lacalle Pou, que esteve em recente visita a Lula em Brasília, vem mantendo uma política sistemática de desinvestimento e esvaziamento das empresas públicas, onde entre as principais afetadas está a OSE.




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