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26 de abril | Paralisação da educação: precisaremos arrancar a revogação integral do Novo Ensino Médio

Educadores e estudantes se reuniram nesta quarta-feira, dia 26/04, em manifestações pela Revogação do Novo Ensino Médio. Apesar da CNTE e sindicatos da educação, como a Apeoesp, não terem construído a paralisação, os educadores e estudantes mostraram disposição de luta. Precisamos ir por mais e unificar a comunidade escolar para impulsionar um forte movimento nacional pela revogação integral do Novo Ensino Médio, que pode ser ponto de apoio importante para a luta pela revogação integral de todas as reformas, como a da previdência e trabalhista.

sexta-feira 28 de abril de 2023 | Edição do dia

Chamada pela CNTE (Confederação Nacional de Trabalhadores da Educação), a paralisação nacional da educação aconteceu em diversos estados pelo país, onde em cada um tiveram diferentes pautas de luta além da central contra o Novo Ensino Médio (NEM), como por exemplo em São Paulo, onde professores também paralisaram contra a farsa da nova carreira docente que trouxe ainda mais precarização à educação, demissão de professores e caminho aberto para atacar todo o corpo docente das escolas, seja direta ou indiretamente; o golpe no aumento do salário, pois o reajuste do piso determinado pelo governo federal foi realizado por subsídio; e também contra a redução de verba estadual destinada à educação, ataque esse profundo que poderá atingir toda a escola de conjunto, desde o aprendizado em sala de aula até a estrutura das escolas e a merenda dos estudantes.

Veja aqui: Campanha pela revogação integral da Reforma do Ensino Médio.

Em São Paulo, ainda enfrentamos um avanço do governo bolsonarista de Tarcísio de Freitas que, igual a política do vice-presidente Geraldo Alckmin quando governou São Paulo, está fechando inúmeras salas de aulas em todo o estado. O governo está se aproveitando da evasão escolar que cresce devido a precarização da vida e a necessidade de estudantes terem que trabalhar desde cedo, para fechar vagas nas escolas e abarrotar dezenas de alunos em uma única sala, em que um professor jamais dará conta de resolver toda a defasagem de aprendizado atual. Fora que é uma medida de demissão de professores. Isso é mais uma amostra da política da extrema direita, destruidora da educação, que já promoveu anos atrás o ataque com o Escola Sem Partido e hoje, devido toda a miséria social que enfrentamos e vemos todos os dias no chão de cada escola, a sua ideologia de extrema direita tem encontrado espaço para uma ala mais radical isolada promover ataques bárbaros dentro das escolas, como foi no caso do assassinato da professora Elizabeth e dos assassinatos de crianças em uma creche de Blumenau, SC.

Tarcísio não só representa os interesses dos ricos, mas também os interesses da extrema-direita que quer arrancar tudo o que ainda nos resta por meio do aprofundamento da precarização também cavado pelas opressões raciais e misóginas contra a juventude e os trabalhadores, principalmente os mais pobres. Não à toa, como resposta à violência, Tarcísio quer colocar a polícia dentro das escolas, seu aparato repressivo, os mesmos que nos batem quando nos manifestamos nas ruas, os mesmos que reprimem todos os dias a juventude, principalmente negra, nas periferias. Política essa que o governo Lula-Alckmin também dialoga quando aponta a necessidade de mais policiamento nas comunidades escolares.

A primeira violência que enfrentamos todos os dias é a violência estatal, que destrói e precariza nossas vidas e o nosso futuro, tendo um plano de destruição já para os nossos filhos e estudantes. Essa violência começa quando políticos, patrões e empresários jogam essa crise econômica atual nas nossas costas, jogam a sociedade nessa miséria que estamos tendo que encarar todos os dias. Como dito pela professora Maíra Machado durante o ato em São Paulo, hoje temos presenciado até mesmo o suícido de aluno que desiste de viver quando vê que até mesmo o seu direito a estudar está sendo arrancado, obrigando nossos alunos a assumirem empregos ultra precarizados, até porque essa Reforma do Novo Ensino Médio está diretamente ligada às reformas trabalhista e previdenciária: ataques que perpassam todas as gerações, sendo a nossa juventude escolhida como a geração para viver sem direito algum.

Professora Maíra Machado, militante do Movimento Nossa Classe Educação e vice candidata da Chapa da Oposição Unificada Combativa para as eleições da Apeoesp.

Por tudo isso, a nossa saída está na nossa organização como comunidade escolar e como classe. Nós teremos que arrancar essa revogação integral do ensino médio com a nossa mobilização e luta contra não só esse ataque, mas de todo o plano de destruição colocado pelos governos. Esperar do governo federal a revogação do NEM já sabemos que não será o caminho, já que o próprio Lula declarou que não irá revogar nem essa e nem nenhuma outra reforma, sendo a sua única promessa a de reformar reformas. Nós sabemos que é impossível reformar para melhor algo que já partiu do objetivo claro de destruir a educação pública. Não queremos mais uma reforma, queremos construir a educação da qual acreditamos, queremos lutar por uma sociedade em que a miséria não exista e o nosso futuro e dos nossos filhos não seja todos os dias rasgado em prol dos interesses dos mais ricos que só lucram com o nosso sofrimento.

Em São Paulo, a direção majoritária da Apeoesp, sindicatos dos professores estaduais, não construiu em cada uma das escolas de fato essa paralisação nacional do dia 26/04 que mostrou, mesmo assim, um espírito de luta que vem crescendo em muitos professores e estudantes. Figuras petistas importantes, como Bebel Noronha (PT), atual presidente do sindicato, seguem hoje uma política de conciliação com Tarcísio quando votam pelo aumento salarial do governador e parlamentares; e quando ajudam os bolsonaristas a assumirem a presidência da Alesp, lugar onde todos os ataques contra nós são criados e votados. Tal política só abre mais espaço para o fortalecimento da extrema direita e não o seu contrário.

Nós precisamos unificar a comunidade escolar para impulsionar um forte movimento nacional pela revogação integral do Novo Ensino Médio, que pode ser ponto de apoio importante para a luta pela revogação integral de todas as reformas, como a da previdência e trabalhista. E nosso sindicato precisa estar voltado à construção desse caminho, de organização e luta. Por isso mesmo, também convidamos todas as professoras e professores a se juntarem a nós do Movimento Nossa Classe Educação e a Chapa Unificada Combativa, que se apresenta hoje nas eleições da Apeoesp como alternativa à chapa majoritária atual que tem deixado passar por décadas todos os ataques do governo contra a educação.

Leia aqui: Por uma Apeoesp de luta, independente e democrática contra Tarcisio e as reformas.

Além disso, neste próximo 1 de maio, dia da classe trabalhadora, precisamos ocupar as ruas e exigir das grandes centrais sindicais, como CUT (PT) e CTB (PCdoB), que coloquem toda a estrutura dos nossos sindicatos pela construção da reorganização do movimento de trabalhadores e do movimento sindical de maneira independente, atravessada pelas principais tarefas e pautas da classe trabalhadora e da população. Fazemos aqui um grande chamado aos professores e trabalhadores da educação a estarem ao nosso lado neste dia por essa construção, e também para rechaçar o convite que essas centrais sindicais fizeram para a presença de ninguém menos do que o nosso inimigo, Tarcísio de Freitas.

Leia também: Por um 1º de Maio independente dos governos e patrões e a serviço de derrotar as reformas e a precarização.




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