×

Declaração | “’Sem anistia’ exige revogar as reformas apoiadas pela Fiesp e Alckmin”, diz Marcello Pablito

“Para enfrentar a extrema direita e varrer com a herança de Bolsonaro, é preciso acabar com seu legado econômico que deu sequência aos ataques de Temer. Sem anistia para as reformas defendidas por Alckmin, representante do governo Lula, e a Fiesp, que até ontem apoiava o golpe de 2016 e o governo Bolsonaro. Organizemos a força da nossa classe sem nenhuma confiança na justiça e nas instituições desse regime”. Confira a declaração de Marcelo Pablito, trabalhador da USP e dirigente do MRT.

quarta-feira 18 de janeiro de 2023 | Edição do dia

Bolsonaro se elegeu em 2018 com o apoio dos mesmos setores que protagonizaram o golpe institucional de 2016, que colocou o vampiro Temer no poder. Agronegócio, o conservadorismo evangélico, os militares e uma burguesia sedenta por reformas que destruíssem nossos direitos e aumentassem seus lucros às custas da classe trabalhadora. Se a extrema direita golpista que acampou nos quartéis e protagonizou a invasão dos três poderes em Brasília é uma herança viva do governo Bolsonaro que temos que enfrentar, igualmente o são as reformas e privatizações de todo esse último período.

Um dos principais atores econômicos que apoiou o golpe institucional, a campanha de Bolsonaro e cada uma das reformas, como a trabalhista e previdenciária, foi a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), a mesma dos patos amarelos lava-jatistas de 2015. O compromisso de Alckmin, ao afirmar para essa entidade que Lula não revogará as reformas trabalhista e da previdência, além de apoiar a reforma do ensino médio e uma reforma tributária, mostra o quão longe o atual governo do PT, e o conjunto das alas do regime que se colocam atualmente blocadas em defesa da “democracia”, estão de acabar com parte fundamental das obras de Temer e Bolsonaro.

A frente ampla do governo Lula-Alckmin busca canalizar a indignação de milhares contra o bolsonarismo e as mazelas sociais, isso em aliança com a velha direita, com Lira, governadores - inclusive eleitos pelo bolsonarismo - e instituições inimigas como o STF, que conduziram o golpe institucional e visam a preservar parte desse legado da extrema direita, e cujo autoritarismo vai se voltar contra a esquerda, os trabalhadores e todas as nossas lutas. Dentro desse pacto de conciliação ainda buscam agregar os interesses do agronegócio, do conservadorismo evangélico e preservar os privilégios da cúpula dos militares, poupados das reformas dos últimos anos.

Para enfrentar a extrema direita e varrer com a herança de Bolsonaro, é preciso acabar com seu legado econômico que deu sequência aos ataques de Temer. Sem anistia para as reformas defendidas por Alckmin e a Fiesp, que até ontem apoiava o golpe de 2016 e o governo Bolsonaro. Sem anistia para a cúpula golpista civil e militar. Organizemos a força da nossa classe sem nenhuma confiança na justiça e nas instituições desse regime.

Não será confiando nas forças institucionais, que sustentam a impunidade da cúpula desses atores e a manutenção de seus ataques, que vamos conseguir justiça para os mortos pela covid, pela violência do Estado, pela miséria capitalista que nos quer trabalhando em condições precárias e até morrer, e diante das grandes catástrofes climáticas que esse sistema vem provocando. É preciso apostar na organização e luta da classe trabalhadora, das mulheres, negros, indígenas, LGBTQIA+, juventude e todos os oprimidos, com independência de classe e independência política em relação ao governo.

É preciso levantar a bandeira da auto-organização em cada local de trabalho para exigir que as centrais sindicais, com suas direções subservientes aos interesses burgueses do regime, rompam com a trégua que sustentam e organizem desde as bases uma paralisação nacional para que nossa classe entre em cena com seus métodos e programa, que já se mostra guardião dos interesses dos empresários e da paz com as cúpulas golpistas. Somente a classe trabalhadora auto-organizada pode unir a luta por nenhuma anistia ao alto mando civil e militar a uma resposta operária à crise, que parta da revogação integral de todas as reformas e privatizações.

Esse é o caminho para impor uma investigação independente dos responsáveis pelas ações da extrema direita no país e das catástrofes dos últimos anos, que conte com sindicatos, movimentos sociais e organismos de direitos humanos comandando as investigações. Uma comissão assim deve romper todo e qualquer sigilo de Bolsonaro, mas também das cúpulas das instituições políticas, do judiciário e das Forças Armadas e das polícias. É preciso abolir todos os privilégios dos militares de alta patente, acabar com os tribunais militares e culminar essa investigação em júris populares com representantes eleitos e revogáveis. Todas as grandes empresas vinculadas ao bolsonarismo precisam ser expropriadas e estatizadas sob controle dos trabalhadores, do agronegócio às gigantes da Fiesp.

Um programa assim só pode ser conquistado com a mobilização independente da classe trabalhadora, no caminho para a construção de uma sociedade livre de opressão e exploração. Uma mobilização que não confie no judiciário ou nas alianças com a direita, como fazem Lula e Alckmin, que coloque o protagonismo nas mãos dos trabalhadores e prepare as condições para um governo dos trabalhadores de ruptura com o capitalismo.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias