×

Greve em MG | Todo apoio às professoras de Arcos (MG) em luta pelo piso salarial e atacadas pelo prefeito

Mais de 200 professores e professoras da rede municipal de Arcos, cidade do centro-oeste de Minas Gerais, decidiram iniciar uma greve a partir desta segunda-feira (21/02) que seguirá por prazo indeterminado devido a não aplicação do Piso Salarial Profissional Nacional em 2022 pelo prefeito da cidade, que atacou a mobilização das professoras.

Gabriel RodriguesEstudante de Medicina da UEMG

Mafê MacêdoPsicóloga e mestranda em Psicologia Social na UFMG

segunda-feira 21 de fevereiro de 2022 | Edição do dia

Nesta segunda-feira (21) professores e professoras da rede municipal de Arcos, cidade do interior de Minas Gerais, fizeram uma manifestação no primeiro dia de greve pelo reajuste do Piso Salarial. A categoria, que é majoritariamente composta por mulheres, saiu às ruas da cidade e fez um ato em frente à Prefeitura Municipal e também na área central da cidade, perto do local conhecido como "Praça do Vivi". O movimento conta com grande apoio da comunidade escolar da cidade.

A mobilização começou no dia 16 de fevereiro, quando os professores fizeram uma carreata pelo reajuste do piso salarial e manifestaram em frente à Prefeitura de Arcos, onde esperaram para dialogar com o prefeito Claudenir José de Melo (PL), conhecido como "Baiano", que a princípio disse que conversaria com 5 das professoras, mas acabou não aparecendo.

Como reação, o prefeito tentou desmobilizar as professoras, quando adiou reuniões, alegou que a greve chamada pelos professores era ilegal e disse que também tinham que discutir sobre o alto número de atestados, como se as professoras não quisessem trabalhar quando ainda estamos no meio de uma pandemia de Covid-19.

No dia 18 de fevereiro, o Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Arcos protocolou um comunicado afirmando que apesar de todos os ofícios e requerimentos enviados para a Prefeitura Municipal de Arcos, sobre a valorização e o pagamento do piso salarial com o devido reajuste para os profissionais da educação, não houve disposição para diálogo. Assim, o Sindicato oficiou à prefeitura municipal o início da paralisação dos professores da rede municipal, a partir desta segunda-feira (21), por prazo indeterminado.

Na noite de ontem (20), o prefeito Baiano fez mais ataques, com um post em sua página pessoal no Facebook dizendo que os alunos não podem ficar sem aulas, que é "adepto do diálogo", apesar de ter desmarcado tantas reuniões, e pedindo às professoras que dessem suas aulas normalmente, declaração que busca dividir a categoria e culpabilizar as professoras em sua luta, contra o direito de greve que é garantido à todos os trabalhadores.

Além disso, o prefeito disse que o reajuste do piso teria de ser buscado sem comprometer os salários dos outros funcionários públicos do município, os investimentos na saúde e a Lei de Responsabilidade Fiscal.

O prefeito fala hipocritamente que é professor na campanha eleitoral, mas não se envergonha em deixar os professores sem o piso salarial no município, mostrando que não existe defesa da educação por sua parte, e que ela aparece apenas nas palavras, no discurso.

O reajuste que os professores reivindicam foi anunciado dia 27 de janeiro e sancionado em 4 de fevereiro, e eleva de R$2.886 para R$3.845 o piso salarial nacional da categoria, reajuste que está previsto em lei de 2008 e que deve ser ajustado anualmente em janeiro.

A categoria, no entanto, está com o salário congelado desde antes da pandemia, em meio a enorme crise, com a diminuição do poder de compra devido a inflação, que causa um arrocho salarial.

Isso acontece também na rede estadual de educação em Minas Gerais, em que Romeu Zema (Novo), capacho do governo federal de Bolsonaro e Mourão, se negou a pagar o piso salarial, enquanto paga mais de R$200 mil para seu subsecretário, além de buscar implementar o Regime de Recuperação Fiscal, um ataque aos trabalhadores para garantir os lucros dos grandes empresários do estado.

Leia sobre: Zema descumpre piso dos professores, mas secretário recebe R$208 mil no mês

Esses governantes, como o próprio Baiano em seu post, ainda usam da Lei de Responsabilidade Fiscal para justificar ataques aos trabalhadores, enquanto apoiam o pagamento da dívida pública que entrega pelo menos 39% do orçamento federal para o bolso de grandes banqueiros. Enquanto Bolsonaro e Mourão junto ao Congresso e STF aprovaram no Orçamento de 2022 R$1,88 trilhão para o refinanciamento da dívida pública, foram vetados R$802 milhões no Ministério da Educação e R$499 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

A luta pela valorização e por direitos para professores ocorre em várias regiões do país, em que prefeituras e governos negam o pagamento do piso e atacam os direitos de milhares de professoras e professores, utilizando dos argumentos mais demagógicos e caluniosos. Enquanto isso, esses mesmos governantes mantém seus privilégios e administram para garantir o lucro de empresários.

Em estados como Rio Grande do Norte e Piauí, professores e professoras lutam por seus direitos. Essa organização em luta é a única maneira das professoras conquistarem seus direitos, contra os ataques e a demagogia dos governantes.

Todo apoio à luta dos professores e das professoras de Arcos e de todo o país!




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias