Na quinta-feira, dia 5 de abril, a Secretaria de Mulheres do Sintusp protocolou um ofício junto ao USP Mulheres, para que este se pronuncie a respeito das condições de trabalho a que estão sendo submetidas trabalhadoras terceirizadas da USP. Afinal, as trabalhadoras não são também mulheres da USP?
segunda-feira 9 de abril de 2018 | Edição do dia
O USP Mulheres foi criado pela reitoria em parceria com a ONU Mulheres como resposta da reitoria para se contrapor ao movimento de mulheres que ganhava força na USP.Surge em meio a denuncias e acobertamento pela reitora de denúncias de estupros e assédios na faculdade de medicina, abertura da CPI do Trote, denúncias de violência contra as mulheres generalizadas por toda a USP e o fechamento de vagas nas creches da USP.
Leia mais: Quem são as mulheres da USP?
Diante da situação escandalosa das trabalhadoras e trabalhadores terceirizados na USP, principalmente trabalhadoras terceirizadas da sala de louça do restaurante universitário central do campus, a Secretaria de Mulheres do SINTUSP (Sindicato dos trabalhadores da USP), enviou o ofício copiado abaixo exigindo do USP Mulheres uma resposta às condições de trabalha das mulheres trabalhadoras terceirizadas do bandejão.
Veja aqui: Trabalhadores terceirizados passam fome e são proibidos de comer no bandejão da USP
Amanhã, dia 10/4 haverá um ato em frente ao bandejão central às 12h.
Link do evento no facebook: https://www.facebook.com/events/1462568607188468/
Ofício encaminhado pela Secretaria de Mulheres do Sintusp ao USP Mulheres:
Ao
Escritório USP Mulheres
Profª. Eva Alterman Blay
A Secretaria de Mulheres do Sintusp vem por meio deste ofício denunciar as condições brutais a que estão sendo submetidas as mulheres trabalhadoras terceirizadas da USP, com especial atenção às condições terríveis que estão ocorrendo no restaurante universitário central desta universidade.
Como é de conhecimento amplo, a reitoria desta universidade, no dia 8 de março, terceirizou um setor inteiro do restaurante central, a sala de louça. Neste setor, um dos mais precários graças à sobrecarga de trabalho, atualmente trabalham 4 mulheres, de um total de 7 trabalhadores terceirizados. Até então, antes da terceirização, trabalhavam 14 homens, trabalhadores efetivos, que se revezavam entre si, pois o trabalho na sala de louças é extremamente pesado e exaustivo.
À condição extremamente precária de trabalho a qual estão submetidas as trabalhadoras terceirizadas do restaurante central, soma-se a segregação, sendo ameaçadas de não poder utilizar o vestiário e a proibição de não poderem consumir a comida lá produzida. Vale ressaltar que são produzidas diariamente milhares de refeições e que é prática comum que os trabalhadores do restaurante consumam a comida ali produzida. No entanto, a Superintendência de Assistência Social, a SAS, recusa a garantir esse direito estendido também aos trabalhadores terceirizados, uma prática no mínimo segregacionista.
Diversos estudos, pesquisas e livros apontam como a terceirização afeta majoritariamente mulheres, principalmente as mulheres negras, sobretudo nos postos de trabalho mais precarizados, como a limpeza. Na USP é prática bastante comum, além dos baixíssimos salários, o atraso sistemático de pagamentos e benefícios. A defesa das mulheres da USP deve ser também a defesa das trabalhadoras terceirizadas, garantir condições dignas de trabalho nesta universidade a todas as mulheres.
Por isso, fortalecemos a solidariedade das trabalhadoras efetivas às suas companheiras trabalhadoras terceirizadas que são também trabalhadoras dessa universidade. Solicitamos que o USP Mulheres se pronuncie a respeito das demandas que encaminhamos ao Superintendente da SAS que seguem abaixo:
1) condições dignas de trabalho para os trabalhadores terceirizados;
2) pelo direito de que possam se alimentar nos próprios restaurantes assim como os trabalhadores efetivos e usar os vestiários e dependências dos restaurantes da USP;
3) Direito ao cartão BUSP para que possam se locomover dentro da universidade como os demais estudantes, professores e trabalhadores efetivos;
4) Nenhuma punição aos trabalhadores terceirizados
Secretaria de mulheres do SINTUSP 5/4/2018