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USP | Trabalhadores da USP iniciam campanha salarial denunciando ataques da reitoria da USP e Doria em meio à pandemia

Nesse momento, a reitoria da USP vem se aproveitando do período de pandemia para avançar na imposição de ataques como o Estatuto de Conformidade de Condutas que é uma atualização das normas repressivas e punitivas previstas no regimento da universidade, criando precedentes absurdos para a punição de trabalhadores, estudantes e professores.

sexta-feira 21 de maio de 2021 | Edição do dia

A campanha salarial dos trabalhadores da USP está iniciando em meio à uma situação nacional marcada pela pandemia, que já provocou mais de 440 mil mortes e o aumento da fome e do desemprego sustentados pela política de Bolsonaro, Mourão e também pelos governadores como Doria e as instituições do regime político golpista brasileiro. Nesse momento, em que os noticiários são tomados pela CPI da Covid e seguem as disputas entre as alas do regime político com vistas às eleições de 2022 (incluindo aqui Lula e o PT e seu papel de contenção da luta de classes) os trabalhadores e o povo seguem morrendo e sofrendo com as consequências da crise capitalista.

Mesmo em condições adversas, impostas pelo isolamento social os trabalhadores começam a organizar reuniões nas unidades para debater suas reivindicações que incluem a defesa de seus salários e direitos (8% de reajuste para repor perdas dos últimos 3 anos e um valor fixo de R$ 500,00 como forma de valorizar os menores salários) mas se ligam diretamente à defesa da educação e da universidade pública sobretudo em um contexto de imposição do trabalho remoto e do ensino à distância.

Em todo o país os trabalhadores estão sentindo os efeitos da crise econômica com o aumento do desemprego, da precarização das condições de trabalho e de vida e a fome atingindo milhões de pessoas. A USP não está isolada dessa realidade e a contradição vivida pelos trabalhadores em todo país em que apenas uma parcela da nossa classe pode estar de quarentena se expressa com toda força. É o caso dos trabalhadores do Hospital Universitário que trabalharam durante toda a pandemia e que tiveram que lutar para garantir o direito mínimo aos EPIs e à liberação dos trabalhadores do grupo de risco, perdendo inclusive colegas de trabalho que se contaminaram. É o caso também das trabalhadoras terceirizadas que continuam trabalhando sem garantia de máscara, álcool gel e inclusive estão sendo demitidas em plena pandemia como vem ocorrendo nesse momento com a empresa Higienix no Hospital Universitário da USP.

Os trabalhadores efetivos, que em sua maioria permanecem de quarentena, tiveram que se mobilizar em uma greve sanitária contra as tentativas da reitoria de retomar o trabalho presencial na universidade mesmo sem que essas atividades sejam essenciais. Mesmo em quarentena não estão imunes ao aumento do trabalho (que pela via remota permite a flexibilização da jornada), ao aumento do custo de vida e à perda salarial acumuladas no último ano já que os preços não param de subir, mas o salário se mantém sem reajustes.

Nesse momento, a reitoria da USP vem se aproveitando do período de pandemia para avançar na imposição de ataques como o Estatuto de Conformidade de Condutas que é uma atualização das normas repressivas e punitivas previstas no regimento da universidade, criando precedentes absurdos para a punição de trabalhadores, estudantes e professores. Ao mesmo tempo a reitoria da USP que posa de democrática publicou um documento prevendo o retorno parcial das atividades presenciais o que já vem dando margem para que em unidades como a Faculdade de Odontologia e Escola de Educação Física os diretores de unidade comecem a determinar o retorno de atividades presenciais mesmo sem quando a pandemia ainda leva a milhares de mortes diárias e está longe de ser controlada.

Por tudo isso não podemos separar a campanha salarial dos trabalhadores da USP de tudo o que vem ocorrendo com o conjunto dos trabalhadores no estado de SP e no país, já que durante a pandemia os bilionários se tornaram mais ricos aos custos de mais fome, desemprego e precarização para nossa classe, tudo isso sustentado pela política de Bolsonaro e Mourão, dos governos estaduais e municipais e das instituições desse regime político golpista.

Em meio à pandemia, por exemplo, vimos em São Paulo Doria aprovar a versão paulista da reforma administrativa através do PL 529 depois do falecido Bruno Covas ter feito o mesmo em âmbito municipal. O mesmo Doria que faz muita propaganda da vacina é o mesmo que se orgulha de ter mantido todas as indústrias funcionando em SP expondo a saúde e a vida dos trabalhadores para assegurar os lucros dos empresários e vem levando a frente a reabertura das escolas mesmo sem controle da pandemia e sem qualquer participação da comunidade escolar nessa decisão. Da mesma forma, esse mesmo governo é o que acabou de atacar os metroviários impondo privatizações e retirada de direitos a esses trabalhadores que se mantiveram trabalhando durante toda a pandemia e já perderam 25 colegas de trabalho além de mais de 1000 contaminados.

A campanha salarial desse ano ocorre ainda em um momento em que as três universidades estaduais paulistas (USP, Unesp e Unicamp) estão com uma das menores médias de comprometimento do orçamento com folha de pagamento nos últimos anos conseguido graças à medidas de desmonte da universidade com a implementação de milhares de demissões através de PIDVs (Programa de Incentivo à Demissões Voluntárias), demissão dos trabalhadores que se aposentam, congelamento de contratações, sobrecarga de trabalho, aumento da terceirização em diversos setores, além do arrocho salarial e quebra da isonomia salarial entre os trabalhadores das três universidades.

Por isso precisamos ampliar os espaços de organização e debate como as reuniões de unidade, reuniões abertas como as que o Sintusp já convocou no dia 05 de maio e assembléias para que os trabalhadores possam opinar e decidir todos os passos da nossa mobilização. É parte fundamental também da nossa organização batalhar para que nas eleições do CDB que ocorrerão no mês de junho signifiquem um fortalecimento da nossa organização e do próprio sindicato elegendo representantes no máximo possível de unidades.

Além das medidas de mobilização dos trabalhadores (tomando em conta os cuidados sanitários) e de unificação com os estudantes e professores em defesa da universidade e da educação, é muito importante buscar a unificação com os demais setores do funcionalismo e com outros setores que estão lutando como fizeram os metroviários de SP.

Nesse momento, por exemplo está em curso um ataque promovido por Bolsonaro e o Congresso Nacional, que aprovaram um corte no orçamento das universidades federais (que atingirá cerca de 69 universidades federais) e que provocarão o fechamento de universidades federais, como a UFRJ, UFBA e Unifesp e UFG e mais de mais de 50 hospitais universitários.
Diante disso estão sendo convocados para o dia 29/05 atos em todo país contra os cortes e pelo Fora Bolsonaro e os trabalhadores da USP devem se unificar com a luta dos estudantes das universidades federais unificando nossas forças para derrotar todos os ataques.

Da mesma maneira, precisamos tomar nas mãos dos trabalhadores efetivos a luta em defesa dos trabalhadores terceirizados como a luta de uma mesma classe para impedir que os capitalistas descarreguem a crise nas nossas costas. Para unificar e coordenar as lutas é essencial que as grandes centrais sindicais, que dirigem milhares de sindicatos em todo o país, saiam da sua paralisia e organizem um plano de lutas a partir da organização na base de cada categoria. É nessa perspectiva e não nos acordos ou saídas institucionais como o impeachment ou a CPI da Covid que vamos conseguir derrotar Bolsonaro, Doria e todo o regime golpista.




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