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MASSACRE EM 1992 | Tribunal de SP anula condenação de policiais do Massacre do Carandiru

Em decisão absurda do Tribunal de Justiça de SP, os 74 policiais considerados culpados pelo Massacre do Carandiru obtiveram sua condenação anulada e seguem em liberdade.

terça-feira 27 de setembro de 2016 | Edição do dia

Em 1992 a capital paulista viveu uma das mais chocantes manchas de sua história recente: o Massacre do Carandiru. Após uma rebelião no presídio que já chegou a reunir mais de 8 mil presos, a polícia militar, a mando do governador Fleury, promoveu o massacre de 111 pessoas. Uma série de provas mostram como o massacre foi feito por execução sumária, de maneira covarde, com tiros na parte de trás da cabeça por parte dos policiais. Hoje vimos mais um episódio lamentável dessa história.

Três desembargadores da 4ª Câmara Criminal alegaram que não existem provas suficientes para mostrar exatamente quais crimes foram cometidos. Como não conseguiram os exames de balística, que não foram feitos à época, supostamente não haveria como saber quais policiais mataram e quem mataram. Na dúvida, eles decidiram anular a condenação. 111 pessoas foram assassinadas, nenhum policial. O relator do processo e presidente da 4ª Câmara, o desembargador Ivan Sartori, ainda tentou absolver os 74 réus, mas não conseguiu. Definiu o processo como ‘kafkiano’: “não se sabe quem matou quem, quem fez o quê”.

Kafkiana é a realidade do sistema carcerário brasileiro, um dos maiores e mais violentos do mundo, e o papel que a polícia cumpre na sociedade. Sabemos que a polícia brasileira é uma das que mais mata no mundo (como mostra essa recente pesquisa da Anistia Internacional) e a de SP, em especial, é uma das mais assassinas (em cinco anos a PM paulista mata mais do que todas as polícias de todo os EUA). Casos como esse apenas mostram de que lado está a justiça e como os legados da ditadura militar permanecem vivos na nossa sociedade hoje em dia.

Agora o Ministério Público e a defesa dos parentes podem recorrer da decisão enquanto os policiais seguem em liberdade (já recorriam em liberdade antes).

Veja video de Diana Assunção, candidata a vereadora do MRT pelo PSOL em São Paulo, sobre o caso:




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