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UP se silencia diante de votação sobre o arcabouço fiscal no Conselho Estadual da Apeoesp

No Conselho Estadual da APEOESP, o primeiro depois das eleições sindicais, um dos temas foi a posição do sindicato sobre o arcabouço fiscal de Haddad. A direção da Apeoesp buscou vetar qualquer posição contrária e defenderam ferrenhamente o ataque do novo arcabouço fiscal, e a Unidade Popular (UP) para não se indispor com a burocracia sindical, se absteve da votação dizendo que nenhuma das posições contemplavam a eles, fortalecendo a política da burocracia de um sindicato profundamente submetido ao governo Lula-Alckmin.

segunda-feira 3 de julho de 2023 | Edição do dia

Esse foi o primeiro Conselho Estadual de Representantes (CER) desde que a nova diretoria tomou posse após as eleições da Apeoesp, um processo marcado por fraudes para impedir que a chapa da Oposição Unificada Combativa fizesse parte da diretoria, deixando todas as cadeiras nas mãos da chapa 1, composta pelo PT, PcdoB, Resistência, MES e PCB, com Bebel à frente. A UP compôs a chapa 3 durante as eleições, mas em várias subsedes como Santo Amaro, Diadema, Vila Prudente e Santo André, estava com a chapa 1, mostrando que era uma oposição fake à burocracia.

O CER aconteceu de forma virtual, reunindo quase 700 conselheiros do estado e sem nenhuma pauta que tivesse como objetivo organizar a luta dos professores mesmo no momento em que milhares estão com confisco salarial, como está acontecendo com o não pagamento do Adicional de Local de Exercício (ALE) ou estão sofrendo com os efeitos do novo ensino médio e da nova carreira. Questão que só foi apontada pela oposição.

Na última pauta do Conselho, a Oposição colocou como proposta uma posição contra o arcabouço fiscal, primeiro ataque do governo federal de Lula-Alckmin que vai significar um novo teto de gastos para drenar o orçamento público para os bolsos dos banqueiros e empresários, enquanto limita investimentos públicos, novas contratações e aumento salarial no funcionalismo, ou seja é aprofundar a terceirização e precarização do trabalho e arrocho salarial.

A atual diretoria não só vetou essa posição de se expressar como defendeu o novo arcabouço, dizendo que aqueles que criticam o governo federal estão com a extrema direita, sendo que é um ataque com as mãos de Lira, ex aliado de Bolsonaro. Assim, no maior sindicato da América Latina não vai haver nenhuma contraposição a um novo teto de gastos que vai precarizar a vida dos trabalhadores e do povo pobre e a diretoria mostrou que está submetendo o sindicato às políticas do governo da frente ampla que conta com inimigos dos professores, como Alckmin.

Grupos como a Resistência, MES, que são do PSOL ou mesmo o PCB, já se sentem tão contemplados pela burocracia que nem ao menos intervieram sobre esse ponto, fazendo escoar pelo ralo o discurso de unidade contra Tarcísio e os ataques, além de mostrar sua enorme submissão à burocracia sindical, votando até mesmo contra uma posição elementar como de contrapor ao teto de gastos. Já a UP em nenhum momento interveio sobre o conteúdo desse ataque e na votação decidiu se abster e declarar sua abstenção dizendo que são criticos ao arcabouço mas que nenhuma das alternativas os contemplavam, sendo que uma delas era "Não ao arcabouço fiscal", uma posição elementar para qualquer um que se diz de esquerda.

A UP mostra mais uma vez a falácia do seu discurso supostamente radical e de oposição às burocraciais e aos governos e que não vão se indispor com a burocracia sindical do PT na Apeoesp, até porque estão juntos com eles em várias subsedes, além disso está com a burocracia da CTB também no metrô de SP, como vimos nas últimas eleições. E na prática mostram que a unidade que defendem é com os que travam e traem a luta dos trabalhadores, enquanto os professores amargam diversos ataques.

Nós do Nossa Classe Educação, junto com companheiros da Oposição, nos colocamos na reunião contrários a esse ataque com a fala da professora Maíra Machado desde a subsede de Santo André, além de nos colocar contra o marco temporal que ataca a população indígena e que o PT liberou sua bancada para votar. Além disso Maíra também defendeu que o sindicato chamasse os professores à boicotar a consulta do Novo Ensino Médio, já que é uma consulta fake que o professor não tem nem espaço para dizer que quer a revogação da reforma, o que foi respondido por Bebel dizendo que foi ela mesmo que elaborou a consulta. Todas questões em que a UP se calou e em nenhum momento se contrapôs aos absurdos colocados por Bebel e sua turma.

Maíra Machado declarou: "Esse primeiro CER depois das eleições mostrou que é preciso organizar a oposição estadualmente para se contrapor a burocracia sindical que agora está fortalecida pelo PSOL e PCB, além da UP, que na votação do arcabouço fiscal não quis se contrapor à diretoria e se absteve. É preciso uma oposição que esteja no chão das escolas defendendo a organização dos professores contra Tarcísio, o novo ensino médio e pela efetivação dos professores categoria O sem concurso. Desde a subsede de Santo André queremos ser um ponto de apoio para isso já nesse próximo Congresso da Apeoesp que vai acontecer em setembro, é urgente fortalecer uma oposição antiburocrática e com independência de classe e dos governos no nosso sindicato".




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