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EDITORIAL - 28 DE NOVEMBRO COM NICOLAS DEL CAÑO | Uma oportunidade estratégica para os trabalhadores e jovens de esquerda no Brasil

Compareça e divulgue o Encontro do Esquerda Diário com Nicolás del Caño da Argentina. O Encontro será no dia 28/11, às 15:00, no Sindicato dos Metroviários de SP, Rua Serra do Japi, 31 - Tatuapé

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

segunda-feira 23 de novembro de 2015 | 16:42

Em uma semana que para os trabalhadores e jovens na Argentina começa com o gosto amargo da vitória de Mauricio Macri, opositor de direita ao governo argentino de Kirchner (que apoiava Scioli que perdeu), aqui no Brasil teremos uma grande oportunidade: debater com o jovem trotskista e revolucionário Nicolas Del Caño, único candidato a presidente que representava os trabalhadores e a esquerda e que no segundo turno não "titubeou", dizendo claramente que não havia "mal menor" e defendeu o voto branco ou nulo explicando que qualquer candidato, mesmo o que se dizia mais "progressista" iria na prática implementar um plano de ajustes contra os trabalhadores e o povo pobre. O jornal Estado de São Paulo fez uma entrevista com Nicolás del Caño sobre essa posição.

Este filme a gente já viu aqui no Brasil, com as eleições do ano passado e as promessas de Dilma Roussef e do PT dizendo que não iriam retirar nossos direitos. Foi muito pouco tempo pra ficar claro pra quem ainda tinha dúvidas que não somente era mentira como Dilma se tornou rapidamente a candidata mais "hábil" para implementar tal ajuste, que ainda está longe de terminar, já que mesmo com as centrais sindicais tentando controlar as lutas os trabalhadores e a juventude estão resistindo aos ataques do governo e da direita.

O fato é que no Brasil, diferentemente da Argentina, não tivemos nenhum partido de esquerda que, ao mesmo tempo em que chamasse o voto branco ou nulo colocasse a necessidade de construir uma alternativa classista e independente na luta de classes. O PSOL naquele momento orientou a militância a não votar em Aécio Neves, quando a grande maioria de suas figuras públicas votou em Dilma. O PSTU chamou o voto nulo, mas não empreendeu a sua força, ainda que minoritária, nos sindicatos e movimento operário pra construir uma alternativa na luta de classes.

A primeira declaração de Nicolas Del Caño diante da vitória de Mauricio Macri é de que seu principal desafio agora é enfrentar os ajustes junto com os trabalhadores. Tarefa esta que, neste momento, é mais do que urgente em nosso país. Mas Nicolas Del Caño tem a vantagem de ser parte de uma esquerda que não é testemunha dos processos de luta, ao contrário, foi protagonista nos grandes conflitos da luta de classes na Argentina, levando bala de borracha junto com os operários conquistando uma lei contra a repressão aos piquetes e cortes de rua. Foram dezenas de cortes de rua da juventude que milita junto com Nicolas Del Caño em apoio às greves, dezenas de advogados buscando manobras jurídicas pra defender os trabalhadores, e centenas de militantes que se colocavam de corpo presente nas lutas, não somente nas palavras.

No Brasil faz falta uma esquerda de combate na luta de classes e que coloque uma perspectiva revolucionária que dê respostas de fundo para os grandes problemas e tragédias capitalistas que estamos obrigados a ver acontecer como é o escandaloso caso de Mariana, em Minas Gerais, onde não podemos defender nada menos do que a re-estatização sob controle operário e popular da Vale do Rio Doce e o confisco dos bens de todos os empresários envolvidos neste verdadeiro crime. Faz falta uma esquerda que não caia no jogo dos políticos burgueses que querem a consigna "Fora Cunha" pra distrair os setores da esquerda do conjunto dos escândalos de corrupção e do plano de ajustes do governo, quando o suposto perigo de “golpe” já está saindo de cena e por isso Cunha vem sendo escoltado pelo próprio governo. Diante disso é preciso denunciar o conjunto do parlamento, assim como faz Nicolas Del Caño, enfrentando na prática o conjunto dos privilégios que esta casta se utiliza em cima do suor dos trabalhadores: ele, assim como todos os parlamentares do PTS, consideram que política não é para enriquecer e recebem o salário de uma professora, doando o restante para as lutas, coerente com o programa que levantam para todo o regime de que todos os parlamentares ganhem como uma professora e que seus mandatos sejam revogáveis. Estas são medidas que deveriam ser parte de uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana imposta pela força das mobilizações.

É também com o grito de nem uma menos que fez eco na Argentina com centenas de milhares de mulheres nas ruas que vamos neste dia 25 de novembro, dia internacional da luta contra a violência a mulher, lutando contra toda forma de violência às mulheres em nosso país e defendendo um projeto de lei como o elaborado pelos movimentos de mulheres e levado adiante por Nico na Argentina para responder a essa questão. Em especial levantaremos as bandeiras das mulheres de Mariana, Minas Gerais, e das jovens secundaristas em luta.

Todos estes pontos são fundamentais, mas o fato é que para enfrentar os ajustes e a crise no Brasil é preciso colocar de pé um verdadeiro pólo pra luta de classes, que na Argentina se expressou em processos de luta como da multinacional LEAR, mas que no Brasil também se expressou em políticas de solidariedade prática como na greve dos garis do Rio de Janeiro e tantas outras greves que buscamos girar todas nossas forças para cercar de solidariedade. Mas mais que isso, é preciso que as idéias revolucionárias possam se fundir com o mais avançado da classe operária e da juventude, que hoje passa por todos os setores que estão enfrentando os ajustes como os estudantes secundaristas de São Paulo, os petroleiros, milhares de operários em fábricas que enfrentam o Plano de Proteção ao Emprego (que protege os empresários) e as demissões, milhares de mulheres que lutam contra as restrições ao direito ao aborto. E a Argentina é hoje o país do mundo onde as idéias revolucionárias mais estão se ligando a setores minoritários de massa com a experiência da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores em especial através da atuação do Partido dos Trabalhadores pelo Socialismo, organização irmã do MRT.

Aqui no Brasil o MRT aposta em se fundir com estes setores através de um instrumento orgânico que possa dar voz a milhares de jovens e trabalhadores que estão resistindo aos ajustes no país, trata-se do diário digital Esquerda Diário. Em meio a luta secundarista estamos fazendo uma grande cobertura do processo de luta, chamando apoio e apresentando um programa de ação baseado nas lições das grandes jornadas chilenas em 2011, defender a coordenação das lutas pra derrotar a reorganização escolar e avançar na luta por uma educação verdadeiramente gratuita e de qualidade, com acesso restrito e auto-gestionada por estudantes, trabalhadores e professores. Expressando este programa com um diálogo específico para as universidades é que viemos dando batalhas também por centros acadêmicos verdadeiramente militantes, conquistando uma grande vitória nas eleições do Centro Acadêmico Professor Paulo Freire da Faculdade de Educação da USP e empenhando uma enorme campanha nesta semana nas eleições do Centro Acadêmico do curso de Letras da USP, o maior do país, confrontando idéias como estas com o imobilismo dos governistas, que estão neste momento já tentando trair por cima a mobilização dos secundaristas de SP, com a UMES e UPES decidindo burocraticamente o que negociam em nome dos estudantes.

Com todos estes jovens que estamos debatendo, mas também com trabalhadores petroleiros que protagonizaram assembléias anti-burocráticas contra a direção da FUP, com dezenas de trabalhadores do bandejão da USP que protagonizaram uma rebelião negra contra as péssimas condições de trabalho, com trabalhadores dos Correios que impediram o avanço do plano de ajustes na sua categoria, com os trabalhadores bancários que tiveram que se enfrentar com a CUT e com dezenas de outros trabalhadores de vários estados e regiões do país é que queremos debater com firmeza este projeto revolucionário que se expressa na figura de Nicolas Del Caño como candidato a presidente, mas que teve ao seu lado mais de 1500 candidatos operários (incluindo de fábricas ocupadas sob controle dos trabalhadores como Zanon e Donneley) e jovens defendendo um programa e uma política revolucionária junto a classe trabalhadora. Essa é mais uma mostra que se trata de um tipo de política que não existe no Brasil e no mundo, onde não se trata somente de impulsionar uma figura ou outra, mas de toda uma camada de trabalhadores que avançam da luta sindical para a luta política, assumindo a tarefa de lutar por uma resposta dos trabalhadores e da juventude para os grandes problemas do país.

Convidamos todos os militantes do PSOL e do PSTU, e de outras organizações de esquerda a também participar desta importante atividade, pois se trata de uma experiência avançada da esquerda mundial e que não pode haver sectarismo, como seria não estar aberto a ouvir e debater. Na atividade, apresentaremos quais são para nós as principais lições da esquerda argentina que podemos aproveitar para pensar o Brasil, partindo, é claro, de que são países diferentes, mas as idéias que tem ganhado peso naquele país são em grande parte as que devemos batalhar aqui também.

Apostamos que esta pode ser uma experiência apaixonante para todos aqueles que estão cansados de tanta miséria e exploração, todas as mulheres que estão cansadas de mortes e violência, tantos jovens que estão cansados da precarização do ensino e do fechamento das escolas, tantos operários que estão cansados do aumento do custo de vida, com as demissões e ataques. A cada um destes chamamos a conhecer um projeto apaixonante que é o projeto de militar pela revolução socialista e como isso pode não ser uma utopia, mas uma política concreta a ser construída e conquistando setores de massas como foi com a candidatura de Nicolas Del Caño que, levantando estas idéias sem rebaixá-las conquistou quase 1 milhão de votos na Argentina.

Clicando aquivocê pode assistir o vídeo que apresenta Nicolás del Caño (no YouTube, é possível colocar legenda em portugês) e clicando aqui você pode ver a campanha de Nicolás del Caño na TV.

Venha participar do Encontro Nacional do Esquerda Diário, dia 28 de novembro.




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