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RJ | Castro, Dino e Lula operam pacto de repressão na Maré e outras favelas do RJ

A Operação Maré já dura mais de uma semana no RJ e deixa a marca de 44 escolas fechadas e 18 mil alunos sem aula até o momento. A operação é resultado de um acordo entre o governador bolsonarista do RJ, Cláudio Castro e o Ministro da Justiça do governo Lula, Flávio Dino, que resulta no aprofundamento da brutal repressão contra negros, trabalhadores e o povo pobre.

quinta-feira 19 de outubro de 2023 | Edição do dia

O acordo, que já está em prática, previa o envio de 300 efetivos da Força Nacional e mais 270 da Polícia Rodoviária Federal, coordenados junto com as Polícias Militar e Civil do Estado do Rio de Janeiro na “Operação Maré”. Agora, Lula anunciou que não vai mais ser parte da intervenção direta nas favelas, mas que o governo seguirá com uma investigação paralela sobre o tema do crime organizado, além de seguir avalizando a atuação da PM do RJ sob comando de Claudio Castro.

Entre Castro e o governo Lula, chegou-se a discutir a possibilidade de uma nova Intervenção Federal no Rio de Janeiro, mas ambos chegaram a esse acordo de atuação conjunta, anunciado pelo Ministro da Justiça Flávio Dino (PSB) como ENFOC – Programa Nacional de Enfrentamento às Organizações Criminosas. A sanha repressiva do governo Castro e do governo Lula conta com o apoio da imprensa burguesa nacionalmente, que vem fazendo campanha a favor das ações repressivas, tomando o Complexo da Maré como alvo. O endurecimento dessa ação se dá no contexto do governo Castro, que foi eleito em meio à onda bolsonarista, e que segue firme na política de assassinatos e chacinas da Polícia contra o povo negro e pobre. Em 2022, Castro já era responsável por 3 das 5 maiores chacinas da história do Rio de Janeiro.

A atuação conjunta do governo Lula-Alckmin e do governo do bolsonarista Cláudio Castro escancara mais uma vez o papel reacionário da conciliação de classes quando o tema é a vida da população negra, dos trabalhadores e do povo pobre. A “Operação Maré” na verdade se estende a outras favelas, e todas as medidas autoritárias tomadas ao longo das ocupações, como o fechamento de escolas, fatalmente se voltarão contra essas comunidades com o avanço da repressão em suas regiões.

A “Operação Maré” é mais um exemplo de como Lula vestir um boné escrito “CPX” não passou de pura demagogia eleitoral. Depois de eleito, seu governo segue a linha de fortalecer e legitimar ações repressiva nas favelas, assim como nos mandatos anteriores do atual presidente e também no governo Dilma. Lidando com a pobreza através da bala da polícia e sustentam a política de “guerra às drogas”, que é uma farsa e, na verdade, um pretexto para a militarização das favelas e manutenção do racismo, sendo justificativa para o assassinatos de crianças e jovens negros e pobres. No quesito Segurança Pública, o governo Lula mostra que venceu Bolsonaro nas urnas para depois se aliar com bolsonaristas como Cláudio Castro, no Rio de Janeiro, para seguir na política repressiva a negros, trabalhadores e povo pobre.

Com sua atuação, o Ministro Flávio Dino busca agradar a direita conservadora do país. O objetivo é se postular como aquele que “combate o crime organizado”, sem dar ouvidos ao que diversos especialistas, intelectuais e organizações de direitos humanos reforçam todos os dias, como as denúncias de abusos, assassinatos e chacinas realizados por uma das Polícias mais corruptas do país (a do RJ). Ao contrário de reforçar e legitimar a falsa guerra às drogas, para combater as ditas “organizações criminosas”, seria necessário uma política de legalização das drogas, assim como uma investigação das relações dos militares e da própria Polícia Rodoviária Federal com tráfico. Por trás desse amplo mercado estão grandes políticos e empresários, que se aproveitam da criminalização das drogas para aumentar suas fortunas.

Nenhuma saída que beneficie os negros, trabalhadores e povo das favelas e periferias será possível através da conciliação de classes do PT, que abre espaço à extrema direita. E inclusive, na Bahia, é o próprio governador do PT, Jeronimo Rodrigues, quem reprime os negros e o povo pobre com sua Polícia Militar. Por isso é preciso que a esquerda rechace com todas as forças a “Operação Maré” e todas as demais operações nas favelas cariocas. É necessário erguer uma ampla campanha contra a violência policial e as chacinas que atingem principalmente a população negra moradora desses locais, batalhando por justiça lado a lado aos movimentos de mães cujos filhos foram vítimas da polícia e também para que os sindicatos e a classe trabalhadora assumam essas bandeiras como sua.




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