Renato Feder não foi escolhido por Tarcísio de Freitas para secretário da educação à toa. O ex CEO da Multilaser já foi secretário da educação do reacionário Ratinho Júnior (PSD) no Paraná, governador que mandou a polícia massacrar os professores em greve em 2015, onde implementou EAD em sala de aula sem professor e 207 escolas cívico-militares. Assim que anunciado como secretário da educação por Tarcísio a Multilaser fechou contratos de 76 milhões com a secretaria de educação do estado de São Paulo, em dezembro de 2022, antes mesmo de Tarcísio assumir.
quinta-feira 18 de abril | Edição do dia
Foto: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão
O uso do ChatGPT segue esta lógica de sala de aula sem professor de Feder, ou seja, pressupõe a demissão de professores, ainda que Tarcísio diga demagogicamente que nada substitui os professores. Este é um passo importante para o governo de SP avançar na plataformização ou uberização da educação. A consequente maior precarização do trabalho docente vem na sequência, com as grandes empresas de educação privada ligadas ao MEC de Camilo Santana (PT) avançando em decidir os conteúdos e as práticas pedagógicas nas escolas públicas. Já controlam o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) e agora Tarcísio e Feder em SP querem colocar os professores curriculistas, aqueles que produzem as aulas digitais, os famosos "slides", para serem meros revisores do ChatGPT, com material didático controlado digitalmente pela secretaria de educação. Essas professoras e professores já foram avisados que a partir do terceiro trimestre passarão a ter que entregar 6 aulas por semana, até então eram 4. Ou seja, não basta impor os conteúdos e as aulas que os professores vão dar, já que colocam metas e fiscalizam o acesso dos alunos, por si um ataque à liberdade de cátedra, mas agora esses mesmos conteúdos serão produzidos por Inteligência Artificial!
A educação sofre de diversos problemas no país todo, dos cortes bilionários nos programas de pesquisa e nas universidades federais até a precariedade das escolas de ensino básico. Os programas descarregados de cima para baixo como o NEM, visam um futuro de precarização, desemprego e miséria para a classe trabalhadora. Reduzindo carga horária de disciplinas que desenvolvem o senso crítico e a politização dos jovens, o NEM e os programas ligados ao NEM nos estados tem como perspectiva a preparação de uma sociedade que aceite calada os ajustes e as reformas, como a trabalhista e da previdência, para manter o pagamento de uma fraudulenta dívida pública. Quase 2 trilhões de reais que escoam dos cofres públicos para as mãos de grandes empresários e banqueiros nacionais e estrangeiros por ano, sob um mecanismo de juros impagável, por isso fraudulento, um assalto legalizado. No governo Lula-Alckmin é o Arcabouço Fiscal, o novo teto de gastos que garante a fidelidade sagrada com essa fraude, impedindo investimentos em educação e saúde e promovendo cortes bilionários.
O futuro do trabalho em educação e de todo o mundo do trabalho está em jogo, também com o PL da uberização encaminhado pelo governo Lula-Alckmin que regulamenta o trabalho por aplicativo garantindo que não haverá reconhecimento de vínculo empregatício com as plataformas. A terceirização de funcionários e os contratos temporários de professores nas escolas passam cada vez mais a ser regra e não mais exceção. É preciso colocar no centro dos debates sindicais essas questões como fez a subsede da APEOESP de Santo André, que promoveu um importante debate sobre a precarização do trabalho. O caminho contra a terceirização, a precarização e a uberização do trabalho, contra Tarcísio e Feder, é o da auto organização em cada escola, levando este debate para as comunidades para construir, de forma independente dos governos, sem ilusões, um grande movimento capaz fazer a diferença na luta de classes. Que coloque na ordem do dia o não pagamento da dívida pública, o fim dos mecanismos de cortes orçamentários como o Arcabouço Fiscal, a revogação integral do NEM e das reformas trabalhista e da previdência.
