Na última sexta-feira, 21, os trabalhadores da saúde e do DETRAN, que estão em greve no Rio Grande do Norte, fizeram um ato comum em frente a governadoria do estado para defender os direitos desses trabalhadores contra a intransigência do governo Fátima.
segunda-feira 24 de julho de 2023 | Edição do dia
A greve da a saúde, com a enfermagem a frente, luta pela reposição das perdas salariais, que chegam a 21,87%, melhorias nas condições de trabalho e outras demandas. Já os trabalhadores do DETRAN exigem o cumprimento de acordos conquistados em outras greves e nunca cumpridas pelo governo do Estado, em especial a realização de concurso público para que haja novas contratações, em meio a um crescente aumento da terceirização do DETRAN.
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A ação comum se tratou de uma importante medida de unidade entre esses trabalhadores, sobretudo frente a intransigência do governo de Fátima. A governadora decidiu judicializar a greve do DETRAN, mais uma vez fazendo aquilo que a direita gosta que é atacar o direito de greve fortalecendo a perseguição judicial. No começo do ano a governadora junto ao TJ-RN impôs multas milionárias a grevistas da saúde, não apenas contra o sindicato, mas contra os trabalhadores individualmente.
Durante o ato, entrevistamos dois trabalhadores do DETRAN que deram seu depoimento sobre a mobilização:
DETRAN 1) “A gente achou interessante a adesão da categoria [da saúde] porque a gente vê um maior volume, dá um impacto visual e a gente se sente acolhido e se sente pertencente dos mesmos problemas. Acho importante essa união.”
DETRAN 2) “Quando a gente ta em greve a gente se sente muito frustrado no sentido de que a gente tem aquelas demandas que a gente entende que são legítimas, porque a gente vem do caminhar de outras greves que tem demandas que não são atendidas no passar de uma pra outra. Então cada greve é um desgaste cada vez maior que a gente encontra porque a greve atual é pra pleitear coisas que a gente tinha conseguido na greve anterior. Concurso público, a lei que foi aprovada no ano anterior. E nada foi cumprido. Então a greve aparece pra sociedade como se a gente tivesse fazendo greve por brincadeira, todo ano fazendo... sendo que as demandas são as mesmas que não foram atendidas da última greve. Mas quando a gente vê outra categoria grande que vem juntar, somar com a gente, que tem um número maior, que trás força, trás visibilidade, a gente se sente mais acolhido, mais visto, tanto pela sociedade, quanto pelos pares do pessoal do serviço público. Então o sentimento é esse.”
A categoria da saúde conta com uma forte mobilização nos hospitais, que vem se aprofundando desde a luta pelo piso da enfermagem, e amanhã realizará uma assembleia para definir os próximos passos dessa luta. Frente ao que passou a categoria durante os anos de governo golpista de Temer, do negacionismo de Bolsonaro e Álvaro Dias, é muito importante a força que vem demonstrando essas trabalhadoras, não só no RN, mas em todo o Brasil.
Sobretudo na luta pelo piso da enfermagem, uma demanda histórica da saúde que travou uma forte luta nacional que impôs a aprovação desse direito no Congresso, mas que foi barrado pelo STF, com a caneta do juiz Luis Roberto Barroso, ex-lavajatista, mostrando como o judiciário mais uma vez é inimigo dos trabalhadores. Barroso que foi convidado para a abertura do Congresso Nacional dos Estudantes da UNE pelas juventudes ligadas ao PT e PCdoB, em nome da "unidade contra a extrema-direita e em defesa da democracia", com um dos atores que foi protagonista do golpe institucional de 2016 para acelerar as reformas contra os trabalhadores, e abriu caminho pro Bolsonaro. Nós da juventude Faísca estivemos à frente do rechaço a sua presença e em defesa da luta da enfermagem, conforme repercutiu na imprensa de todo o país.
Agora o governo Lula-Alckmin, ao contrário de enfrentar a extrema-direita, fortalece seu legado agora com o Arcabouço Fiscal, se aliando com o STF que atacou o piso da enfermagem, mostrando que a conciliação fortalece a direita e os inimigos dos trabalhadores. É essa política de conciliação com os capitalistas e contra os direitos dos trabalhadores que o PT sempre levou adiante é o que abre espaço pra direita, pra privatização da saúde e retirada dos direitos dos trabalhadores. E a serviço dessa mesma política que Fátima aprovou a reforma da previdência e se enfrenta com cada greve durante seu mandato se apoiando no judiciário, estando junto da oligarquia dos Alves.
Portanto a luta independente dos trabalhadores, aliada aos estudantes e movimentos sociais, precisa tomar a dianteira. Desde o RN a unidade entre as categorias que se expressou na última sexta-feira é um importante exemplo do que se generalizar pode conquistar cada demanda das greves, barrando a perseguição judicial de Fátima, mas também ser parte de uma mobilização contra o Arcabouço Fiscal e todo o legado de reformas.
Nesse sentido fazemos um chamado a todes a levarem à assembleia geral da saúde amanhã 09:00hrs na Governadoria. Em especial fazemos uma exigência que os sindicatos controlados pela CUT e CTB, dirigidos pelo PT e PCdoB, devem organizar os trabalhadores em apoio a essa luta, unificando por exemplo dos rodoviários pelo reajuste salarial, em uma só luta contra os ataques.
Mas também o DCE da UFRN, dirigido pela UJS (PCdoB), Levante e Juventudes do PT, ou seja, um DCE do Barroso e da Frente Ampla, que vai contra a aliança da juventude com os trabalhadores, tem que organizar os estudantes ao lado da greve da enfermagem urgentemente! Chamamos os centros acadêmicos e entidades dirigidos pela Correnteza, UJC e Juntos que componham esse ato em apoio a luta da saúde.
