O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a demonstrar sua política conciliatória, sinalizando possibilidades de alianças com o centrão e setores reacionários. Setores esses que Lula diz ser necessário manter diálogo são os mesmos que atacaram os trabalhadores com as reformas e que inclusive promoveram um golpe institucional em 2016. As alianças e diálogos que Lula e o PT vêm construindo visando as eleições repetem os mesmos erros que resultaram em golpe e no governo Bolsonaro.
Gabriel RodriguesEstudante de Medicina da UEMG
quarta-feira 26 de janeiro de 2022 | Edição do dia
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Nesta quarta-feira (26), em entrevista à rádio CBN, Lula defendeu que, caso seja eleito, a relação do governo com o Congresso Nacional dever ser de diálogo com todos e qualquer setor.
"Você negocia com a direita, você negocia com a esquerda, você negocia com o centro, você negocia com católico, e evangélico, com ateu. Ou seja, você negocia com quem tem mandato para poder aprovar as coisas que precisam ser aprovadas" disse o ex-presidente.
Por trás desse argumento de diálogo, há uma política de conciliação que rifa os direitos dos trabalhadores em prol de uma suposta governabilidade que na realidade significa a administração do Estado capitalista. A união, ou mesmo o diálogo, com setores da burguesia significa abrir mão de uma política que defenda realmente os interesses da classe trabalhadora.
O discurso demagógico de aliança e diálogo com todos os setores não é algo novo para o petista. Em seus primeiros mandatos Lula já fazia alianças com a burguesia, o que significou o período em que os bancos mais lucraram, o fortalecimento da bancada ruralista, da bancada religiosa, setores reacionários que hoje são os principais apoiadores de Bolsonaro.
A falta de uma política de independência de classe dos setores que se dizem de esquerda, que busque dialogar somente com os interesses e as demandas da classe trabalhadora, significa repetir os mesmos erros que levaram ao golpe, às reformas que tiraram direitos dos trabalhadores e ao governo Bolsonaro.
Ao contrário do que Lula propõe, somente com uma política de enfrentamento aos interesses da burguesia, atacando seus lucros, revogando as reformas e defendendo um programa de independência de classe é possível lutar contra o governo Bolsonaro e contra os setores que em meio a crise atacam os direitos dos trabalhadores para garantir seus lucros.