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CONUNE | Os malabarismos da direção do Afronte/Resistência para esconder sua desastrosa intervenção no CONUNE

No último CONUNE, a antiga Oposição se dividiu e acabou. Sem nunca ter cumprido um papel alternativo à majoritária da UJS, PT e LPJ, há correntes que hoje continuam sendo uma “oposição que o governo gosta” como a UP, mas há também o Afronte e a Juventude Sem Medo que protagonizaram uma das intervenções mais desastrosas no CONUNE.

Juliana Begiatoestudante de Ciências Sociais da UNICAMP

terça-feira 18 de julho de 2023 | Edição do dia

No último CONUNE, a antiga Oposição se dividiu e acabou. Sem nunca ter cumprido um papel alternativo à majoritária da UJS, PT e LPJ, há correntes que hoje continuam sendo uma “oposição que o governo gosta” como a UP, mas há também o Afronte e a Juventude Sem Medo que protagonizaram uma das intervenções mais desastrosas no CONUNE.

É evidente que o Afronte, impulsionado pela Resistência-PSOL, vem em uma crise existencial profunda. Ao conduzir toda a sua política ao suposto enfrentamento do neo-fascismo, como definem, se jogaram nos braços do PT e se calam diante de quem abre espaço para a direita com sua política de conciliação. Para eles, há uma longa etapa de luta “anti-fascista” na qual as correntes que se reivindicavam de esquerda precisam ser parte do governo de frente ampla, como base de sustentação, do contrário estariam fazendo o jogo da direita.

Esse é apenas o mesmo discurso petista dos últimos 10 anos, a diferença é que a direção da Resistência e do Afronte tentam usar citações fora de contexto de Marx, Lenin e Trotski para tentar convencer a base de que essa seria uma política correta. É por isso que toda a argumentação de sua política é fundada na necessidade de uma “frente única” que na realidade seria uma unidade com qualquer setor, inclusive uma suposta burguesia democrática (ou seja, frente-populismo e não frente única), sempre em prol de parecer enfrentar o neofascismo, mesmo que isso signifique se calar diante do golpista de 2016 Ministro Barroso ou mesmo do convite a figuras como Carlos Fávaro que defende o Marco Temporal. O Afronte vocifera cada vez mais contra a esquerda e menos contra os burgueses aliados da Frente Ampla. Estão mais incomodados com a atuação da Faísca no CONUNE do que com Barroso.

O tempo passa e parece que essa direção quer provar para si mesma o quanto está certa. Vociferam para sua militância que quanto mais são criticados por grupos menores, mais corretos estão já que essas críticas seriam fruto de uma política “sectária”. Não era o que diziam quando parte dessa organização estava dentro do PSTU enquanto esse partido tinha uma posição de apoio ao golpe institucional. Naquele momento, era o MRT/Esquerda Diário que questionava o PSTU sobre o enorme erro de não ter uma política de independência de classe e se alinhar com o golpismo, mas como era uma crítica que essa ala concordava, não era “sectarismo”.

Por isso é tão chamativo que o Afronte/Resistência tenha transformado em eixo político o enfrentamento contra “qualquer discussão”. Hoje chamam de fracionamento. O problema é que para quem educou toda a base que era preciso todo e qualquer tipo de unidade, ficou difícil explicar porque não estar na “oposição unificada” e sim construir um inofensivo terceiro campo. Se a oposição dirigida pela UP já está evidente que é a oposição que o governo gosta (quantas fotos Isis Mustafá - ex-secretária geral da UNE pela UP - vai precisar tirar com Lula e Barroso para que isso fique mais claro?) este “terceiro campo” é claramente um “meio do caminho” da direção do Afronte/Resistência. Evidentemente ainda não foi possível convencer sua base a diretamente entrar na chapa com a majoritária, mas o fizeram politicamente, assinando a resolução de conjuntura (pintando como "vitória política" possuírem a mesma leitura do Brasil que os setores que estão no governo federal administrando o capitalismo brasileiro e atacando com o Arcabouço Fiscal sem revogar o Novo Ensino Médio).

No movimento operário a operação foi bem sucedida para sua política: agora na UNE fingem que não ligam para cargos em prol de alguma "intransigência ideológica", mas se aliaram com Bebel, a maior burocrata de professores de São Paulo nas eleições mais fraudulentas dos últimos anos, assim como em outras categorias. Mas na juventude a crise foi muito maior. Como um discurso para moralizar a militância frente a tamanho desastre, agora dizem que “estão enfrentando o stalinismo”, “esquecendo” por um lado que a UJS é stalinista e por outro que Afronte/Resistência estão e estiveram em mil e uma chapas por todo o país não somente com a UJS, mas com a “oposição unificada” da Correnteza e UJC.

O malabarismo é tanto que para falar “algo” que possa definir sua atuação, depois dos não muito mais que 300 votos, se definem como “a maior corrente do PSOL dentro da UNE”, assim algo como um prêmio de consolação. Dessa forma, testam a inteligência da própria base. A realidade nua e crua, é uma só: a desastrosa intervenção do Afronte/Resistência no CONUNE atesta apenas que essa organização não tem muita diferença com o PT, a principal é que, enquanto o PT dita a política, o Afronte/Resistência obedece. Como começamos a ver, nem todos concordaram com esse caminho.




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