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UNICAMP | Por um DCE livre de burocracia estudantil

A partir de um debate que se instalou no CRU – Conselho de Representantes de Unidade da UNICAMP sobre o método de divisão das cadeiras do CONSU entre as chapas que concorreram às eleições, nós da Faísca manifestamos nosso repúdio à qualquer tipo de burocratismo no movimento estudantil.

quinta-feira 8 de dezembro de 2016 | Edição do dia

O debate se instalou após a apuração das eleições, depois que membros do coletivo Domínio Público, grupo político que está na gestão do DCE há mais de uma década, quando questionados sobre a forma do cálculo demonstraram uma confusão e apresentaram duas versões distintas, que mudavam a quantidade de cadeiras que as chapas assumiriam, e passaram a defender a segunda versão, com o argumento de que era um “método histórico do movimento estudantil da Unicamp”, mas que nenhum estudante além dos próprios conhecia e não está registrado em nenhum lugar.

Essa “confusão” na verdade serviu para expressar um pouco do que significa a gestão do coletivo Domínio Público no DCE da UNICAMP há tantos anos, uma gestão monolítica em que apenas uma posição se expressa, e que ano após ano, avançou o burocratismo no DCE e nas próprias eleições, em que decisões importantes que dizem respeito a todos, como o método do cálculo das cadeiras do CONSU, são tomadas sem a ampla participação dos estudantes e sem o esforço da gestão em articular os espaços de discussão política.

A discussão no CRU foi bastante representativa do conjunto dos estudantes, com mais de 25 representantes de cursos presentes, que puderam expressar suas posições sobre o método e a forma burocrática com que ele foi levado todos esses anos. Mas acreditamos que ela deve ser ainda mais ampliada e devemos realizar no ano que vem um Congresso dos Estudantes da Unicamp que discuta não só o melhor método de se calcular a ocupação das cadeiras do CONSU, mas também a PROPORCIONALIDADE no DCE, em que as distintas posições das chapas que concorrem às eleições também possam se expressar na gestão conforme o número dos seus votos.

Esse debate, entretanto, custa caro ao coletivo que está há mais de uma década na gestão do DCE e que não mostra nenhum esforço para que a entidade amplie seu caráter democrático e possa expressar a pluralidade de ideias dos estudantes, fazendo o movimento estudantil avançar. Pelo contrário, tiveram que ouvir da UJS, os campeões do burocratismo e dos métodos mais sujos no movimento estudantil nacional, que são burocráticos, ou seja, abrem espaço para que o movimento estudantil e o DCE seja deslegitimado por organizações que se aliaram historicamente ao que tem de mais sujo na política e que foram auxiliares aos ataques à educação que sofremos todos esse anos de governo do PT. Mas também fragilizam a entidade perante os próprios estudantes que não veem o DCE como seu espaço legítimo de auto-organização.

Neste ano vivemos a maior greve estudantil da história da Unicamp, em que estudantes de vários cursos se levantaram contra o projeto de universidade da reitoria e dos governos e contra o golpe institucional que se efetivou no país. Mas não podemos esquecer que no início da nossa mobilização encontramos muita dificuldade para que o DCE chamasse uma Assembleia Geral para debater o golpe institucional, e isso não é uma casualidade, mas parte inclusive da concepção do coletivo Domínio Público de que não existiu um golpe institucional no país. Mas o cenário político instalado pelo GOLPE foi maior que o burocratismo da gestão do DCE, e os estudantes pressionaram a gestão pela realização da assembleia, que nos levou há uma greve e ocupação da reitoria que conquistou demandas importantes do movimento estudantil e foi uma expressão da luta contra os golpistas.

É certo que queremos um DCE mais democrático, vivo e participativo, que seja tomado pelo conjunto dos estudantes e possa expressar sua diversidade, mas é preciso que esses métodos burocráticos, que organizações como a UJS se utiliza, não se expressem em nossa entidade. E isso só será possível se tivermos um DCE que seja um verdadeiro articulador de espaços de debates políticos que nos tocam, como todo o cenário nacional e o projeto de universidade racista e elitista da reitoria, com o qual nos enfrentaremos já no início do ano com o debate de cotas étnico-raciais no CONSU. Por isso é fundamental que o Congresso dos Estudantes da Unicamp ocorra no ano que vem e seja construído da forma mais ampla possível, para que o conjunto dos estudantes se arme à altura dos grandes desafios que o cenário nos coloca.




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