Claude Joseph, primeiro-ministro interino do Haiti, declarou estado de sítio no Haiti após o assassinato do presidente Jovenel Moïse e da primeira-dama Martine Moïse. A medida autoritária concede plenos poderes repressivos para a Polícia e as Forças Armadas, em um momento de forte crise sociopolítica do país, no qual o povo haitiano vem se mobilizando nas ruas desde 2018.
quarta-feira 7 de julho de 2021 | Edição do dia
Imagem: EFE/ CORTESÍA TELEVISIÓN PÚBLICA DE HAITÍ
Após o presidente do Haiti, Jovenel Moïse, ser assassinado à tiros em sua residência oficial, em Porto Príncipe, na noite desta terça-feira (06), o primeiro-ministro interino, Claude Joseph, impôs autoritário estado de sítio, dando plenos poderes de repressão para a Polícia e as Forças Armadas. A mulher do presidente, Martine Moïse, foi ferida e hospitalizada, mas não resistiu aos ferimentos e veio a falecer.
Presidente do Haiti, Jovenel Moise é assassinado a tiros
O falecido presidente já vinha realizando uma série de medidas bonapartistas e autoritárias quando governava, e o povo haitiano vem se mobilizando desde 2018 contra as políticas de Moïse, mas também com enorme desconfiança também em relação aos líderes políticos da oposição. Tanto Moïse, que recebeu o apoio do imperialista Joe Biden, quanto a oposição só buscam favorecer os interesses das classes dominantes, enquanto o país enfrenta uma profunda crise humanitária, com pobreza crônica, miséria extrema, fome e catástrofes naturais recorrentes.
Além disso, os raptos para resgate têm aumentado ultimamente no Haiti, com o aumento de grupos armados no país. Mas a medida do premiê, ainda que possa usar como discurso a tentativa de combate ao crime e de garantia à segurança, na verdade quer dar carta branca para o Exército e as Forças Armadas para reprimir a luta de classes e as manifestações do povo haitiano, para tentar evitar que se repita o que foi a exemplar força das ruas na Colômbia e no Chile, por exemplo.
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