Declaração dos diretores do Sindicato dos Metroviários do Movimento Nossa Classe: Fernanda Peluci, Felipe Guarnieri, Marília e Larissa
Tarcísio de Freitas segue com forte ofensiva privatista contra as empresas estatais do estado de SP, declarando guerra contra os trabalhadores do Metrô ao anunciar a privatização de todas as linhas, e avançando mais contra a CPTM e a Sabesp, para garantir o lucro de grandes empresários em detrimento dos serviços públicos essenciais para a população.
quinta-feira 31 de agosto | Edição do dia
Foto: Chico A. Ferreira/ Estadão Conteúdo
Nós, metroviários e metroviárias de SP, podemos ser vanguarda na luta contra a privatização em SP, como demonstramos em março com a forte greve que fizemos contra Tarcísio, e estávamos mais uma vez com greve marcada para o último dia 15/8. Nossa mobilização levou ao adiamento do pregão para a terceirização da manutenção de trens da Linha 15 - Prata (Monotrilho), mas não seu cancelamento, já que o Metrô disse que pretende terceirizar, e negociar somente a forma de fazê-lo. Já as demissões dos trabalhadores do Monotrilho, o Metrô não aceitou sequer negociar, pois seu objetivo é acobertar as falhas pra seguir protegendo os lucros exorbitantes da Alstom.
O que está em jogo é um cronograma apresentado por Tarcísio prevendo a privatização total do Metrô até o fim de 2025, como ele anunciou, mostrando serviço para se alçar como herdeiro do bolsonarismo e possível candidato em 2026, e avançar na privatização da CPTM e da Sabesp. Sua vitória ou derrota no Metrô será determinante para o curso das demais privatizações e ataques no país. Cada batalha dessa guerra declarada contra os trabalhadores que fazem funcionar o maior Metrô da América Latina, e a população que utiliza o transporte, é determinante.
Por isso, nós metroviários do Movimento Nossa Classe, na assembleia que deliberou sobre a greve pro dia 15/8, defendemos mais uma vez que nós entrássemos em greve, pois não podemos aceitar estes planos privatistas anunciados que querem destruir os transportes e o saneamento, e que vai precarizar os serviços pra população, e também porque a terceirização da manutenção dos trens do Monotrilho está colocada, os trabalhadores do Monotrilho continuam demitidos, e nossos direitos, condições de trabalho e emprego seguem sob forte ameaça, pois o Metrô segue sem contratar funcionários, não vem cumprindo com os acordos feitos com a categoria e segue mantendo outras demissões em diversos setores. Defendemos também o chamado público aos sindicatos dirigidos pela CUT, CTB e UGT à unidade na greve, que eles não estão construindo - o que mostra como é pura demagogia quando a atual oposição à nossa gestão do Sindicato (CUT) aparece nas assembleias pra defender de forma oportunista a greve, enquanto que em ferroviários a direção da CUT se nega a organizar os trabalhadores para a greve contra a privatização.
Lamentavelmente a posição defendida por todas as demais correntes da diretoria do Sindicato dos Metroviários (tanto a Resistência-PSOL, como o PSTU, CST e a RS-PSOL) foi de não entrar em greve, e tivemos, nesta luta, mais esta oportunidade perdida. E de novo, já que a maior parte desses setores na campanha salarial defenderam também não entrar em greve. Isso está dando tempo para uma nova reorganização e fortalecimento do governo e do Metrô, para seguir avançando no plano de privatização, aprofundando os ataques envolvidos neste projeto e buscando avançar na opinião pública, na qual vieram muito desgastados, depois da nossa greve de março e das falhas nas linhas privatizadas da CPTM. Mais uma prova disso é que dia após dia o Metrô e Tarcísio aparecem com novos ataques cada vez mais duros, como é o recente e absurdo plano de carreira apresentado para a categoria metroviária que pretende já preparar o Metrô para a privatização e transformá-lo na CCR.
Enquanto isso, na Sabesp, Tarcísio vem anunciando que vai acelerar sua privatização; a recente aprovação do arcabouço fiscal pela frente ampla Lula-Alckmin no Congresso permite o fortalecimento e aceleramento das privatizações nos estados; Metrôs de norte a sul do país lutam contra a privatização do governo federal, como em BH e Recife; e neste mês foi firmado entre CCR e Ministério Público um acordo que permite a esta empresa seguir a concessão das Linhas 8 e 9 a partir de pagar menos de 800 mil entre multa e investimento nestas linhas, que vêm diariamente causando graves transtornos pra população. Cada centavo disso vêm dos impostos pagos pela população que já arca com o péssimo serviço prestado da Via(I)Mobilidade, e a CCR ainda tem a cara de pau de pedir dinheiro pro Estado solicitando reequilíbrio financeiro. Esta empresa, agora, se fortalece pra comprar também a Linha 7 da CPTM que está na mira da privatização. Ou seja, tudo acaba em pizza, com o MP avalizando a caótica privatização pra dar seguimento à agenda de privatização do governo do estado.
Enquanto a maioria do sindicato não apontar a seta para o caminho da luta, com a construção de uma forte greve, e ao mesmo tempo exigir e denunciar a inação das grandes centrais sindicais que apoiaram o arcabouço fiscal e que não vêm organizando uma luta séria e consequente nas categorias que estão contra o avanço deste ataque nacional e dos planos de Tarcísio, este projeto de privatização vai seguir forte e avançando.
Centrais sindicais estas que estão presentes nos sindicatos da CPTM (UGT e CUT) e Sabesp (CTB) que não vêm organizando assembleias de base nas suas categorias para preparar a greve unificada contra as privatizações, nem mesmo em outubro. As mesmas centrais sindicais que junto com a Força Sindical não convocaram nenhum plano de luta contra o arcabouço fiscal e seguem negociando o novo imposto sindical com o governo e os empresários, enquanto os trabalhadores continuam sofrendo com as reformas trabalhista e da previdência. Durante todo esse período atuamos para que nosso sindicato fizesse essa denúncia e exigisse que as principais centrais sindicais se mobilizassem, desmascarando suas direções na base. Contudo, a maioria do Sindicato não teve acordo com essa política e deliberou contra o chamado a construir em unidade a greve.
As medidas que vêm sendo tomadas contra a privatização são importantes, como as cartas abertas à população e a realização de um plebiscito contra a privatização – que chamamos todos os metroviários a comparecerem no seu lançamento, dia 5/9 na quadra dos bancários, em conjunto com Sabesp e CPTM –, mas somente como instrumentos para fortalecer e construir uma greve unificada, pois sem isso são insuficientes para derrotar o projeto privatista.
É necessário unificar a categoria metroviária, e fortalecer as batalhas em curso para avançar na mobilização, como nós do Movimento Nossa Classe defendemos na última reunião de diretoria no caso do tráfego da Linha 2 Verde. Lá, os operadores de trem vêm implementando o boicote contra o plano de contingência anti-greve, e sofrendo ameaças de punições e assédio moral , e o sindicato deveria estar fortalecendo este movimento pra avançar na mobilização, e não à estes trabalhadores um recuo no movimento, como a maioria da diretoria fez na reunião, o que felizmente foi rechaçado na base de operadores de trem da Linha 2, mantendo-se o boicote.
É necessário unificar toda a categoria: com destaque para as áreas onde a empresa vem atacando primeiro, como o Monotrilho e a Linha 2 Verde, lutando contra a terceirização da manutenção, em defesa de contratação urgente em todas as áreas, em unidade com a população que sofre com a precarização, e junto aos ferroviários e trabalhadores da Sabesp, numa luta que se some contra o arcabouço fiscal da frente ampla Lula-Alckmin, no sentido de avançar para uma forte greve unificada para derrotar Tarcísio de Freitas e seus planos privatistas.
Temas
UGT Arcabouço Fiscal Manifesto contra a terceirização e a precarização do trabalho Governo Lula-Alckmin L15 Linha 15 Monotrilho Precarização do trabalho CPTM Frente Ampla Privatização da Sabesp Força Sindical Privatização do metrô Tarcísio de Freitas Privatização dos transportes Teto de Gastos CTB Privatização da Água Precarização do Transporte Público precarização Ferroviários CUT Privatização Lula PSTU Terceirização PSOL Mundo Operário