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UERJ | Centenas de estudantes decidem manter greve e ocupação na UERJ

terça-feira 15 de dezembro de 2015 | 08:07

Reunidos na noite de segunda-feira (14), centenas de estudantes da UERJ, campus Maracanã, decidiram manter a ocupação da universidade e a greve estudantil que já duram 2 semanas.

Contrários à decisão do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão da Uerj (CSEPE), de voltar as aulas na quarta, dia 16, os estudantes decidiram manter a ocupação e não aceitar que as aulas e atividades acadêmicas sejam realizadas este ano.

Apesar de terem sido pagas algumas bolsas e a segunda parcela do salário dos servidores e professores, muitos trabalhadores terceirizados ainda estão sem terem seus salários regularizados, como os terceirizados do restaurante universitário, que não estão trabalhando diante desta situação. Muitas das terceirizadas do HUPE tiveram seus salários descontados porque fizeram greve. Os terceirizados da manutenção estão sem receber desde outubro. Na PoliClínica Piquet Carneiro terceirizados e bolsistas também não foram pagos ainda.

Esta situação de crise vai se aprofundar ainda mais com a votação na Alerj do corte de 46% da verba destinada às universidades estaduais do Rio de Janeiro, tendo como consequência o aprofundamento da precarização do trabalho e do ensino superior público que já vem se arrastando ao longo de 2015. Esses cortes são parte do ajuste fiscal do governo Pezão (PMDB-RJ) que faz demagogia ao cortar um valor ínfimo de seu salário, cargos comissionados e secretarias de seu governo, mas destina 39 de milhões de subsídios para a Supervia e grandes investimentos para sediar as Olimpíadas ano que vem, e faz com que esta crise seja paga pelos trabalhadores e a população que já está sofrendo com a precarização de serviços públicos como a saúde, com uma série de hospitais estaduais em condições precárias diante dos cortes.

Nesta segunda-feira também foram demitidos 3 mil metalúrgicos do estaleiro Eisa, na Ilha do Governador, controlado pela holding Synergy Shipyards, também dona da empresa Avianca e do estaleiro Mauá. Consequência de ajustes que ocorrem diante da crise política com os escândalos de corrupção da operação Lava-Jato e da crise econômica que os capitalistas querem descarregar nas costas dos trabalhadores.

As falas dos estudantes expressaram o repúdio à decisão da maioria dos professores conselheiros do CSEPE que são parte de uma burocracia acadêmica como a sub-reitora de graduação Celly Cristina Saba, quem fez a proposta de retornar as aulas mesmo diante da situação insalubre da universidade passando por cima dos estudantes aprovando aula nos dias 16, 17 e 18, com o início do recesso dia 21/12. Ou seja, 3 dias de aula nesta semana.

Os estudantes também discutiram a necessidade fortalecer os atos de rua chamando a atenção e apoio da população à esta luta que também é contra o ajuste que atinge a população e os trabalhadores. Decidiram realizar um ato de rua na próxima quinta-feira (17) contra o corte de 46% e pelo pagamento imediato de todas as bolsas e salários. Também votaram que neste ato tenha uma faixa contra as demissões dos metalúrgicos do estaleiro Eisa e uma nova assembleia estudantil na sexta, dia (18).

Carolina Cacau, delegada do comando de greve pelo curso de Serviço Social e militante da Juventude às Ruas, disse: "não vamos aceitar que o CSEPE e a reitoria tentem desmoralizar a luta que estamos travando contra a crise que vem passando a UERJ, vamos continuar fortalecendo esta luta que não é só nossa contra o ajuste do Pezão, que também ocorre em nível federal, e atingem toda a classe trabalhadora e a população, por isso vamos fortalecer a greve e ocupação esta semana com piquetes e cadeiraços e não permitiremos que ocorra nenhuma atividade acadêmica e administrativa. Dia 21 temos que fazer um grande ato contra o corte de 46% das universidades estaduais. Os sindicatos e as entidades estudantis dirigidos pelo PSOL e PSTU deveriam organizar uma grande luta unificando o funcionalismo público, todos os setores de trabalhadores e estudantes que estão sofrendo com os cortes na saúde e educação e ajustes do Pezão. Os parlamentares do PSOL não estão sendo a linha de frente contra as medidas de ajustes, deveriam colocar seus mandatos à serviço disso. Não basta declarações de apoios à luta na UERJ, devem estar junto nos atos, doar parte de seus salários à ocupação e greve estudantil, irem à ocupação, fazerem vídeos de apoio".

Na quarta, dia 16, ocorrerá a reunião do comando de greve eleito nas assembleias de curso.

Isabela Santos, delegada suplente do comando de greve eleita no curso de Serviço Social e militante da Juventude às Ruas disse: “o comando de greve/mobilização eleito nas assembleias de curso é a maneira mais democrática para que realmente a base dos estudantes possa dirigir e decidir pelos rumos desta luta, e não como faz o DCE que de maneira burocrática veio tentando falar em nome do movimento nas negociações que tiveram até agora”.

Os estudantes também votaram mandar representantes do comando de greve para o ato que ocorre hoje na frente da Alerj as 14h do funcionalismo público.

Hoje ocorrerá o grande festival #Ocupa UERJ na Concha Acústica com a presença de uma programação que se inicia as 15h com a presença de artistas como Teresa Cristina, Moraes Moreira, Jards Macalé, Ava Rocha, e outros. Acompanhe pela fanpage Ocupa Uerj no facebook.




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