×

Governo Lula-Alckmin | Com golpistas, monarcas e imperialistas, posse tem mais chefes de Estado do que Olimpíadas do Rio

Após quatro anos do odioso governo de extrema direita de Bolsonaro, toma posse hoje, dia 1º, o governo de Lula-Alckmin. Veja quem são os chefes de Estado, ajustadores e inimigos de protestos massivos em seus países, que confirmaram presença na posse. Com 65 delegações confirmadas, a posse será o evento no Brasil com mais representantes internacionais desde a abertura dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016.

domingo 1º de janeiro de 2023 | Edição do dia

Além de representantes do governo golpista de Dina Baluarte no Peru, que se enfrenta à base de dura repressão com o povo peruano nas ruas e cujo golpe reacionário contou com o apoio de Lula no Brasil, a lista de reacionários passa pela pela presença do rei da Espanha, 19 presidentes, chefes de governo, do Poder Legislativo e chanceleres. Vários deles vieram reprimindo lutas ao redor do mundo e promovendo políticas reacionárias para que sejam os trabalhadores que paguem pela crise capitalista.

São eles dos seguintes países: Alemanha, Angola, Argentina, Bolívia, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Guiné-Bissau, Honduras, Paraguai, Peru, Portugal, Suriname, Timor Leste, Togo e Uruguai. Há controvérsias na imprensa acerca da presença ou não de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. Comparecerão no evento ainda a primeira-dama do México, Beatriz Gutiérrez Müller, e os vice-presidentes de El Salvador, Cuba, Chile e Panamá. O Equador governado por Lasso também foi alvo de protestos massivos no último período, e o comparecimento de Lasso, de presidentes de direita e também tidos como “progressistas” são parte de uma América Latina convulsionada, após a crise capitalista, e onde a mal chamada “nova maré rosa” encontra dificuldades de estabilizar regimes, diante dos ajustes anti-populares aprovados em prol dos capitalistas e de revoltas populares.

Além disso, confirmaram presença na posse os chefes de governo da República de Guiné, Mali, Marrocos e São Vicente e Granadina e os vice-primeiros-ministros do Azerbaijão e da Ucrânia. Enquanto chanceleres, estarão nomes da Turquia, Costa Rica, Palestina, Guatemala, Gabão, Zimbábue, Haiti, Nicarágua, África do Sul, Camarões e Arábia Saudita. Como Poder Legislativo, os chefes de poder do Conselho da Federação (Rússia), da Assembleia Nacional Popular (Argélia), Assembleia Consultiva Islâmica (Irã), Senado e Assembleia Nacional (República Dominicana), Assembleia da República (Moçambique), do Senado da Jamaica e da Guiné Equatorial, e do Parlamento Nacional (Sérvia) também comparecerão.

Assim, estarão os chefes de poder que protagonizam alguns dos principais conflitos no mundo atualmente, a começar pela reacionária guerra da Ucrânia. O regime governado por Putin, cuja política reacionária desatou a guerra, tem como opositor nesse país um governo subordinado aos interesses do imperialismo e da OTAN, com Zelensky, que também estará representado na posse. Trata-se de uma disputa que quem paga são os trabalhadores ucranianos e de todo o mundo, aprofundando a crise econômica.

Também o Irã, que estará representado, veio sendo palco de importantes protestos após o assassinato de Mahsa Amini, enquanto estava sob custódia policial. A jovem de 22 anos foi detida pela Polícia Moral do Irã por supostamente se vestir de forma inadequada de acordo com o código de vestimenta do país, marcado pelo uso obrigatório do véu. Sua morte provocou uma eclosão de protestos em todo o país que começaram pedindo a queda do regime político. Meses depois, manifestantes vieram sendo perseguidos com pena de morte, já com execuções levadas a cabo, e tem como um dos alvos o jogador de futebol iraniano Sardar Azmoun, que marcou seu apoio à luta das mulheres e do povo iraniano durante o evento. Na posse, serão os inimigos das mulheres quem estará representados.

Por sua vez, a delegação do imperialismo norte-americano é chefiada por Deb Haaland, Secretária do Interior do governo Biden. Haaland é ressaltada pela imprensa como uma figura indígena crítica de Donald Trump e Jair Bolsonaro (PL), tendo declarado que esses governos de extrema direita representam “retrocessos”. Entretanto, a política do imperialismo norte-americano, com o Partido Democrata à frente, foi um pilar central para o golpe institucional de 2016, que pavimentou o caminho para a extrema direita, degradando os direitos dos trabalhadores com as reformas anti-operárias e avançando contra os povos originários. É essa mesma política que hoje avança no Peru, com o apoio do imperialismo. Não à toa, Haaland apoiou em 2019 o orçamento bilionário para a defesa do país, que significa a intervenção reacionária dessa potência mundo afora.

Além de Haaland, a Casa Branca terá uma comitiva composta por Douglas Koneff, o encarregado de negócios dos EUA no Brasil, interessado no entreguismo dos recursos naturais e dos ajustes contra os trabalhadores. Por fim, estará Juan Gonzalez, assistente especial do presidente e diretor sênior para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Conselho de Segurança Nacional.

De acordo com a programação, embaixadores e chefes de Estados estarão posicionados no Salão Negro, na Câmara dos Deputados, quando Lula chegar junto com o comboio presidencial no Congresso, às 14h25. No prédio do Itamaraty, às 19h, será feita uma recepção e um coquetel para as autoridades nacionais e estrangeiras.

O discurso de retorno ao multilateralismo foi uma marca importante da campanha de Lula em relação à política externa, contra a política de Bolsonaro, de alinhamento à extrema direita internacional e enfrentamento aos chamados governos progressistas, com maior isolamento diplomático do país durante seu governo. A presença massiva de chefes de Estado na posse de Lula-Alckmin é uma expressão dessa mudança.

Ao mesmo tempo, diante da crise capitalista, de uma arena internacional marcada pela guerra da Ucrânia e pela tendência a maiores enfrentamentos entre os Estados, é preciso ter claro que Lula e Alckmin não romperão com a subordinação aos interesses do imperialismo no Brasil e em toda América Latina. Pelo contrário, são um sustentáculo desses interesses na região. Somente a luta dos trabalhadores e de todos os oprimidos no mundo, da qual vários representantes reacionários presentes na posse são inimigos, pode enfrentar a extrema direita e fazer com que os capitalistas paguem pela crise. É nessas lutas que a classe trabalhadora brasileira, a juventude, as mulheres e o povo negro devem se inspirar, de forma independente do novo governo eleito que hoje tomará posse.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias