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Ocupação golpista | Ministro Alexandre de Moraes exonera governador bolsonarista do DF por 90 dias

Após a ocupação golpista por parte de bolsonaristas da sede dos três poderes em Brasília neste domingo, o juiz Alexandre de Moraes exonerou por 90 dias o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, por consentimento ou mesmo participação efetiva das autoridades no ataque.

segunda-feira 9 de janeiro de 2023 | Edição do dia

O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, destituiu do cargo o governador do Distrito Federal de Brasília, Ibaneis Rocha, por 90 dias, após o assalto neste domingo de milhares de seguidores da extrema direita Bolsonaro à sede dos três poderes que pedem a queda de Luiz Inácio Lula da Silva, cuja vitória nas eleições de outubro passado não reconhecem.

Moraes também ordenou que os órgãos e forças de segurança do estado atuem para liberar qualquer tipo de via ou prédio público ocupado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em todo o país. O juiz indicou que "a escalada violenta" contra as sedes dos três poderes "só poderia ocorrer com o consentimento, e mesmo com a participação efetiva", das autoridades competentes para a segurança pública e inteligência. Da mesma forma, destacou que a organização desses atos golpistas foi um “fato notório e notório, que foi noticiado pela imprensa brasileira”. Dessa forma, Moraes apontou diretamente para Ibanes, que horas antes havia pedido desculpas ao presidente Lula e às lideranças do Legislativo e do Judiciário pelos graves acontecimentos ocorridos na tarde de domingo na capital brasileira. Ibanes também havia demitido repentinamente seu secretário de Segurança, Anderson Torres, que foi ministro da Justiça nos últimos dois anos do governo Bolsonaro (2019-2022) e é uma figura muito próxima do agora ex-governante.

Em meio às imagens que vinham de Brasília, o presidente Lula decretou intervenção federal na área de segurança de Brasília até 31 de janeiro, com a qual a polícia regional ficará sob controle do governo central nesse período. O fato de o bolsonarismo ter conseguido realizar com alguns milhares de manifestantes uma ação que a imprensa brasileira chama de "Capitólio de Brasília", em comparação com a tomada do Congresso nos Estados Unidos há dois anos, pode ser explicado por o conluio de anos que primeiro permitiu a ascensão de Bolsonaro ao poder e depois o empoderamento de militares e policiais. À polícia com carta branca para reprimir, como na intervenção no Rio de Janeiro que incluiu assassinatos nas favelas e o assassinato de Marielle Franco e ajudando os bolsonaristas, e aos militares ao conceder-lhes cargos estratégicos na função pública e no gestão de empresas, bem como a intervenção aberta em questões políticas.

O próprio Alexandre de Moraes que agora suspendeu o governador de Brasília foi um dos membros do tribunal que, anos atrás, votou contra o habeas corpus apresentado pela defesa de Lula para evitar a prisão. Ou seja, foi um dos responsáveis ​​por confirmar a fraude judiciária que culminou na prisão de Lula e seu banimento como candidato, deixando o caminho livre para o triunfo do ultradireitista Jair Bolsonaro, cuja vitória foi saudada meses depois pelo grande mídia, os empresários e as lideranças das forças armadas. Ou seja, os atores para quem hoje a direção do PT ou o próprio Lula, com intervenção federal, estão pedindo a destituição do governador de Brasília ou a "restauração da ordem", são os que abriram caminho para Bolsonaro e permitiu-lhe multiplicar a interferência dos militares no serviço público, chegando hoje a cerca de oito mil militares em diferentes cargos. A Polícia, por sua vez, foi quem apoiou os bloqueios de caminhoneiros e fazendeiros em outubro passado e os que tiraram fotos neste domingo com os bolsonaristas. Até um ex-soldado que é assessor do Ministério da Segurança tirou uma selfie com a esposa enquanto ocupavam e saqueavam o Congresso ao fundo. Por essas razões, é impossível confiar nas forças repressivas, nem na Polícia, nem nas Forças Armadas, nem na justiça golpista que foi cúmplice de Michel Temer primeiro e de Bolsonaro depois, garantindo ao mesmo tempo as reformas estruturais em matéria trabalhista e previdenciária , ou na privatização de ativos estatais. A única forma de parar a extrema direita de Bolsonaro é se mobilizar nas ruas.

Os bloqueios bolsonaristas e as mobilizações em quartéis já mostravam o preparo que Bolsonaro e todo seu clã já faziam para preparar o “Capitólio Brasileiro” que vimos ontem. O dia de mostrou mais uma vez que é necessário greves e mobilização nas ruas para acabar com o golpismo bolsonarista e revogar todas as reformas aprovadas por Bolsonaro nesses 4 anos de governo. Não será com alianças com a direita como faz Lula, que com seu ministro José Múcio havia declarado que os atos nos quartéis eram “manifestações democráticas”, que enfrentaremos o golpismo bolsonarista. Na verdade, essas alianças só mostraram que fortalecem e abrem espaço para a extrema direita. Agora é mais que urgente que as centrais sindicais, como CUT e CTB, convoquem desde já os trabalhadores e os movimentos sociais, sem nenhuma anistia para Bolsonaro e para revogar integralmente todas as reformas. Exemplos como a greve dos entregadores no dia 25 devem ser fortalecidas e cercadas de solidariedade, pois somente com a força da classe trabalhadora é possível derrotar o golpismo de Bolsonaro e todo seu clã.

Leia também:Por uma paralisação nacional contra as ações golpistas e pela revogação das reformas reacionária




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