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Racismo e precarização do trabalho | O Estado e as plataformas são responsáveis pelo aumento da violência contra entregadores de aplicativo

O governo federal, segue sua agenda ao lado da burguesia e das plataformas, e lava suas mãos para tragédias diárias da classe trabalhadora, não revogando a reforma trabalhistas de Temer e propondo um PL de regulamentação dos aplicativos, apoiado pelos próprios donos de aplicativos, visto com bons olhos por setores reacionários da burguesia, que permanece sem reconhecer o vínculo empregatício com as plataformas e avança na legitimação da precarização do trabalho.

quarta-feira 3 de abril | Edição do dia

O terrível caso do trabalhador Nilton Ramon de Oliveira, um jovem de 24 anos, baleado pelo cabo Roy Martins Cavalcanti dia 4 de março, mostra novamente que policiais não são trabalhadores e sim defensores dos interesses do Estado burguês e sua manutenção, atacando trabalhadores pelo simples comodismo de ir buscar seus pedidos na portaria de seus condomínios. 

Violência presenciada cotidianamente por essa categoria que é fruto das últimas reformas que descarregaram nas costas dos trabalhadores a crise do sistema capitalista e exploração do trabalho.

O governo federal, segue sua agenda ao lado da burguesia e das plataformas, e lava suas mãos para tragédias diárias, não revogando a reforma trabalhistas de Temer e propondo no mesmo 4 de março, o PL de regulamentação dos aplicativos, apoiada pelos próprios donos de aplicativos, visto com bons olhos por setores reacionários da burguesia, que permanece sem reconhecer o vínculo empregatício com as plataformas e avança na legitimação da precarização do trabalho.

O caso de Nilton, escancarou mais uma vez a que ponto chega a precarização, levando um tiro de um policial em uma jornada de trabalho extenuante. Dada a crueldade desse sistema racista e tamanha precarização do trabalho com aumento da uberização, esse está longe de ser um caso isolado.

Em relatório realizado pelo Fundacentro, Caminhos do Trabalho 2023, em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), mais de 60% dos entregadores de aplicativos já sofreram violência ou acidente enquanto trabalhavam.

Com base em pesquisa realizada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), no ano de 2023, mais de 68% dos trabalhadores de aplicativo são negros, demonstrando o papel que cumpre o racismo na vida material e subjetiva das pessoas que vão ocupar os postos mais precários desse sistema.

Sem direitos trabalhistas, sem vínculo reconhecido com as plataformas, com péssima remuneração, jornada de trabalho que chegam a mais de 12 horas diárias para diversos trabalhadores dessa categoria, que ainda sofrem com ataques recorrentes de clientes, em sua maioria policiais e ricos. Isso é fruto de uma herança escravocrata, em que estes veem as massas de entregadores, como servos que devem subir até seus apartamentos para realizar a entrega, pagando o mínimo em taxas que os aplicativos ficam com até 25% do valor pago. É possível observar isso em uma fala do entregador Bruno França à Agência Brasil, em relação ao crescente casos de violência com entregadores: 

“Marginalização em relação ao mundo do trabalho. Não temos direito algum. A gente vive em uma sociedade violenta. Dentro dessa perspectiva desses agressores, eles nos veem como alguém sem direitos e que pode ser agredido, pode ser violado.”

Segundo dados da própria plataforma Ifood, já foram registrados somente esse ano de 2024 mais de 13 mil denúncias de violência contra entregadores dessa plataforma. A empresa traz em seus dados ainda que, dos 500 mil cadastrados na plataforma, apenas 167 receberam algum tipo de suporte jurídico ou psicológico. É uma tragédia trabalhista, que mostra o descaso dessas plataformas que não farão nada para combater de forma efetiva os diversos problemas, produzidos pelo retrocesso dos direitos trabalhistas, justamente por esses aplicativos serem fruto desse momento de retirada de direitos e aumento da terceirização e precarização do trabalho, uma vez que, o único compromisso deles são o lucro a todo custo, não importando as vidas que são violentadas para sua obtenção.

Dessa forma, a Frente Ampla do governo Lula/Alckmin, com esse PL, aprofunda a precarização do trabalho, mantendo as reformas dos governos Temer e Bolsonaro e implementando diretamente ataques à classe trabalhadora de conjunto, afetando majoritariamente a juventude negra e pobre. Largados a tamanha precariedade do trabalho, desde o NEM, que é o neoliberalismo nas escolas, servindo para relativizar a exploração capitalista, incentivar uma visão “empreendedora” usada para mascarar a exploração do trabalho sem reconhecimento de vínculo empregatício, com o trabalho de mais de 12 horas regularizado, visto que o apps só computam o tempo em entrega, convivendo cotidianamente com o risco de agressões de clientes racistas ou da polícia. Isso mostra que a Frente Ampla não está a serviço da classe trabalhadora, mas sim dessa burguesia nojenta, racista e elitista.




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